terça-feira, 29 de dezembro de 2009

10 breves considerações sobre 2009:

- Montar uma peça de teatro não é tão legal quanto parece.
- Pessoas voltam, mas o coração não volta com elas.
- Viagens sempre me tiram do sério. Me tiram a roupa.
- Fazer uma economia não é tão difícil.
- O apego sentimental das pessoas a outras pessoas me irrita.
- Ser independente é uma necessidade.
- Copacabana é meu lugar.
- Eu posso passar uma vida bebendo cerveja.
- Conhecer pessoas novas é realmente sedutor.
- A leitura é minha melhor amiga.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Dor de cabeça

eu gosto de pensar nas coisas. mas minha cabeça dói. e se todas as coisas fossem iguais eu poderia me esquecer delas com mais facilidade. acontece que quando bebo digo coisas que, talvez, eu não gostaria de dizer sóbrio. na verdade, sóbrio eu não teria coragem de dizer. daí eu penso nas coisas e nelas encontro você. como você é difícil. na verdade, todas as pessoas são difíceis. eu també sou, mas só um poquinho. é que na hora, sempre, você parece estar tão presente, sabe? parece me querer também presente sempre. parece me querer em sua lista de compras diárias, em sua farmácia e carro. mas depois eu sei lá. fica tudo engarrafado, sabe? não sabe. pois sou eu sempre quem volta a ligar. é que me sinto um pouco a figura do retorno. isso cansa. tentei lhe avisar, mas acho que, como sempre, na hora H eu falei em forma de poesia. como é difícil também dizer as coisas de forma simples. eu não sei. consigo ser prático em muitos setores da minha vida. mas o setor do RH sempre caminha para trás. acho que estamos precisando de uma boa dinâmica de grupo. eu, você e nossas fantasmas e egos e policiais. eu estou precisando de 200 cangas. é isso.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fica aí porque...

Fica aí e vê se consegue tomar uma decisão. Não tem jeito. Todos viram eu e você, tremendo beijo, no meio do salão. Um prédio clássico, abrigando acontecimento de tamanha contemporaneidade. Fica aí parado porque assim você não me mete medo e nem faz do acontecimento segredo. Fica aí, assim, dessa forma porque gosto dela. parecida com a forma que tinha quando lhe conheci. Fica aí porque ainda é difícil aceitar as mudanças por mais que eu saiba que elas são naturais. Fica aí porque você ficando eu consigo me recordar de todos os nossos momentos. Você me beijava e eu girava feito a "girafa gigi" daquele velho conto infantil. Você leu esse livro sobre os animais na escola? Eu li. Fica aí porque sem movimento não há tormento e meu coração pode descansar. Fica porque você ficando eu consigo aceitar. Tudo o que não volta e não pode voltar. No meio da rua, o menino me perguntou se acho que no futuro vamos ficar juntos. Eu disse que não sei, que não penso nisso. Daí ele perguntou de novo: " mas assim, no fundo, no fundo, você não pensa sobre isso?". Bom, no fundo, no fundo, todo mundo pensa. Mas acho que não. Fica então aí porque assim eu posso achar o que eu quiser. O que me me faz conforto e certeza. Fica aí porque você saindo eu vou ter vontade de ir atrás e não posso. Fica aí porque feito fotografia eu gosto de admirar nossos detalhes, todos os que criamos e ainda podemos criar. Eu sei que hoje, a ferida que carrego na boca, é sua. Fica aí porque você ficando eu posso te encontrar e dizer que minha vontade era de te socar por inteiro. Mas é só uma ferida, com a pomada, vai passar. Fica aí porque com você ficando eu me sinto vivo. É verdade. Pois há sempre a nossa história por contar. Fica aí porque você ficando eu tenho a impressão de ter um porto, lugar seguro para onde sempre posso voltar. Fica aí e não diz nada. As palavras, as vezes, complicam tudo. Fica aí e deixa o seu corpo falar. Deixa ele ter essa vontade louca de se atirar, atirando-me. Fica aí e depois me diz qual é a graça de viver momentos como esse. Fica aí porque assim você pode ler e constatar que ainda é adubo para o jardim que um dia criei. Fica aí vendo vida real se transformar em ficção, material para um trabalho em andamento. Fica aí e deixa pra gente todo esse movimento. Deixa para violenta, suas quatro paredes, seus seres pensantes, intrigados com a vida e sua forma bruta de ser e morrer. Fica aí assistindo, vendo a gente criar, pintar e bordar coisas não tão bonitas como nossa foto. Fica porque você ficando eu tenho material para as minhas composições. Porque não duvido de qual música cantar, qual texto falar, para onde caminhar e como sair. Fica aí parado e deixa os registros por minha conta. Deixa que eu conto aos outros, da minha maneira exagerada, prolixa e apaixonada. Fica aí vendo nosso filme passar. Fuma um cigarro, dá um dez, canta uma música, faz uma tatuagem nova, pinta o cabelo, corta as unhas e, por favor, me compra uma coca-cola e uma barra de chocolate.

Da ordem do inevitável:

E enquanto você me deslia: meu cabelo secou. minha grana acabou. o gato pulou. o cigarro apagou. o copo derramou. o celular tocou. a vista embaçou e o corpo pediu. o sangue estancou. o livro fechou. a cama desarrumou. a tv pifou e o corpo pediu. o microondas escangalhou. passou pela porta, tropeçou. no tapete, derrapou. na sala, gritou e o corpo pediu. a maquiagem borrou. o computador travou. nas horas, congelou. minha fonte esgotou e o corpo pediu. o vestido rasgou. o armário entortou. no espelho, lançou. comprimidos tomou e o corpo pediu. o ipod ligou. ao som se dançou. pelo chão, desfilou. a coluna esticou e o corpo pediu. na cozinha, preparou. com a boca, abocanhou. com os dentes, estraçalhou. com o organismo, empacotou e o corpo pediu. no chuveiro rolou. na água quente, cantou. com a toalha, encenou e o corpo pediu. no corredor, amarrou. o cabelo, pintou. a roupa, desamarrotou e o corpo pediu. com a família, sonhou. por seus santos, rezou. pelos amigos suplicou e o corpo pediu. na rua, apanhou. o joelho, machucou. o rosto transformou e o corpo pediu. o carro comprou. pelo telefone, avisou. em sua nova casa, buscou e o corpo pediu. no engarrafamento, trepou. camisinha estourou. retrovisor se danou e o corpo pediu. o homem, pegou. a mulher, desdenhou. o sexo latejou e o corpo pediu. casaca virou. para os outros, gritou. sua voz aumentou e o corpo pediu. na avenida, parou. diziam todos, pirou. burburinho findou. nu, chorou. a chance acabou. amar, sabe que amou. o corpo pediu.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Seu celular ficou comigo.

Dentro do ônibus ele pergunta com dificuldade a mãe: "mãe, nesse bar tem fanta uva? eu queria tanto tomar uma fanta uva". A resposta da mãe passa desapercebida e, mais uma vez, ele: "mãe, eu estou pedindo com carinho, eu mereço tomar um fanta uva, né?". Descem no mesmo ponto que eu. Mas só percebo isso, quando na rua, constato que a voz que ouvia vinha de um homem crescido, alto, maior que sua própria mãe. Ela diz: "filho, se você se comportar na consulta, mesmo que não tenha fanta uva no bar, eu vou ao supermercado e compro". Ele anda na frente e ela atrás, um pouco mais devagar. é uma senhora. passo por eles, atravesso a rua primeiro. Do outro lado, vejo ele antecipar-se, correndo para não perder o sinal, dizendo aos carros que era preciso esperar sua mãe. NO MEIO DA RUA. ela vem, pequena, lenta e no calor. Acompanho seus movimentos alerta. Salvos, escolhi não saber se eles entrariam no Pinel ou na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

*

O outro, dentro deste mesmo ônibus, era torto. andava torto. mas era bonito. e parecia "normal". vestia-se como se vestem os bonitos. seus movimentos pareciam calculados e para toda pequena conquista, um esforço enorme. pensei em ajudá-lo na hora de descer do ônibus, no mesmo ponto já citado, mas não tive coragem. não sei, não tive. ele completou sua jornada com louvor.

*

Debaixo do chuveiro, constatou: só se pode lavar as costas por completo quando não se toma banho sozinho.

*
Barulho de porta fechando. Ele entra na sala portando uma bolsa vermelha e um guarda-chuva aberto, apoiado no ombro esquerdo. Caminha em direção ao altar. Sorri. Faz cara de surpreso, como se tudo fosse novo. Inesperado. Sobe as escadas. Desce as escadas. De um lado, do outro. Repete o movimento. Escuta, na direita baixa, a voz de um homem que, inesperadamente, interrompe sua ação. Responde: "para hoje". Volta a caminhar pelo espaço. Repousa a bolsa no chão, ao lado da cadeira. Fecha o guarda-chuva. Pendura o guarda-chuva no braço da cadeira, no mesmo lado em que se encontra a bolsa. Senta. Analisa as pessoas que estão presentes. Pega a bolsa. Com a bolsa no colo, diz: "eu esperava de você apenas coisas assim: avenca, samambaia, roseira. Mas nunca essa coisa enorme, que me obrigou a abrir todas as janelas e depois as portas. Pouco a pouco, me obrigou a derrubar todas as paredes e também o teto para que você pudesse crescer livremente. Pois você jamais cresceria se eu a mantivesse presa em um vasinho pequeno". Quando diz "enorme" paradoxalmente exibe um isqueiro pequeno, fazendo chama. Procura dentro da bolsa. Acha. Repousa novamente a bolsa no chão, no mesmo lugar. Levanta-se da cadeira. Senta na cadeira a foto que na bolsa achou. Ela tem como figura sua própria face em um fundo azul, céu. Veste-se de uma personagem - o pai - e, para a foto, coloca em palavras tudo aquilo que não foi esquecido. A personagem some ao fim de seu discurso. Pausa em suspensão. Segurando a foto, senta-se na cadeira. Analisa as pessoas que estão presentes. Pega a bolsa. Guarda a foto na bolsa. Abre o guarda-chuva. Levanta-se. Apoia o guada-chuva no ombro esquerdo, pois segura a bolsa com a mão direita. Acompanha com a cabeça o passar dos ônibus. Entristece. Canta "Casa Pré-fabricada". Ensaia chorar. Desiste. Sorri. Movimenta-se pelo espaço. Sobe e desce as escadas. De um lado para o outro. Repete o movimento. Toma sua reta e sai.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Blusa lisa, gola V, casaquinho e blaser.

eu quero alguém que me arrisque. me pestisque e me ouse. alguém com quem eu não precise ser difícil, nem fazer fita. eu quero alguém que responda as minhas chamadas, que são poucas, confesso. eu quero alguém que me diga que sou irresistível e saiba usar disso. alguém que me diga que sou charmoso e se aproveite do meu charme. alguém que seja real e não faça a personagem. eu quero alguém que "não fez o requisito". alguém que ficou ali sentado, preso no engarrafamento, descolado. eu quero alguém bonito no andar, dizer e sentir. alguém que use sua beleza natural não como cartão postal. eu quero alguém que me divida. parte de mim quer este alguém presente. a outra parte quer que este alguém vá embora e não me confunda. bem me quer - mal me quer. eu quero alguém que saiba que eu estou aqui. tentando ser alguém que não sou. para ver se interesso a este outro alguém como ele me interessou. eu quero alguém que use sapatos grandes, de bico fino e com desenhos. alguém que pise no meu calo e só comente sobre a minha bolsa se nela quiser guardar suas coisas. eu quero alguém que não esteja presente em outros olhos, que não seja alvo de quereres maiores. eu quero alguém pequeno, mas que pareça grande. e "que seja doce". eu quero alguém como qualquer outra pessoa. e aí, depois de todas essas querências, me aparece você.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Encontro

Eu queria saber com quantos paus se monta uma canoa.
Eu queria saber o quanto posso querer do seu prazer.
e queria também saber o que é ser charmoso para você.
eu queria sair para almoçar.

na luz do dia.
ver seus olhos.

minha alegria.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Eu calei porque...

Eu calei porque exatamente naquele momento a porta se abriu. Eu calei porque com a porta aberta nada mais fez sentido. [conseguimos manter a porta fechada durante anos]. Então, lhe pregunto: todo o nosso esforço foi em vão? Eu calei porque com a porta aberta vejo que fomos obrigados a esmagar nossa relação, pois nos preocupamos demais com coisas pequenas. Eu calei porque ao ver a porta aberta percebi que nunca soubemos dar valor ao todo. Eu calei porque percebi que todas as nossas brigas sempre foram pequenas perto do "nosso amor". Mas só percebi isso agora e, agora, o agora já é tarde demais. Eu calei porque com a porta aberta não tenho mais como lhe prender dentro de casa. Com a porta aberta você está livre. Vai! Corra pelas ruas, grite, denuncie o cativeiro que fizemos de nossa própria "moradia". Vá aos jornais, exponha nossa história, não se esqueça dos detalhes: das surras de vassoura, dos copos quebrados, das fotos rasgadas, dos livros no chão e do cachorro latindo. Exponha nossa intimidade: fale de quando lhe gozei na cara e de quando me arranhou o corpo inteiro. Ah! Fale também das vezes em que andamos vendados, das velas que derreteu em meu peito. Fale de nossos vícios. Fale dos cigarros que apagamos em nossas mãos por preguiça de alcançar o cinzeiro. Fale de nosso corpo. Desenhe, principalmente o meu, por inteiro. Fale também do nosso sexo sujo, mas dele fale com amor e também de forma doce e irônica, pois você é PH em descrever as coisas desse modo. Conte a todos da redação sobre o dia de aniversário do nosso casamento. Conte também sobre como passamos a ter este animal de estimação que já citei nesta breve carta. Conte como escolhemos as tintas para pintar a CASA e também como fizemos para pintá-la. Você, com certeza, sabe do que eu estou falando. Quer dizer, não sei. Depois que a porta se abriu e eu me calei, acho que não posso dizer que lhe conheço. Fizemos um acordo, tínhamos um trato e você furou! Eu calei também por isso. Quando ouvi a porta abrindo, saquei que tudo aquilo que você havia me dito era, na verdade, a imagem que você criou para você. É uma boa imagem, hein? Confesso que caí direitinho, comprei tudo e nem se quer pedi nota fiscal. Ou seja, me calei por decepção. Eu calei porque eu odeio esse cachorro, mas não sou também capaz de botá-lo na rua ou dá-lo para alguém. Eu calei por isso, porra. Porque a porta abriu, você foi, mas a porra das suas coisas ficaram. E toda vez que eu tropeço nelas eu sou obrigado a, mais uma vez, calar. Eu não posso nem convidar outras mulheres para vir a CASA... A porra da sua alma, sei lá se isso existe, ainda mora aqui. Outro dia, eu calei quando no banheiro dei de cara com a sua calcinha pendurada na torneira do chuveiro. Não deve estar te fazendo falta, né? LIXO. Eu calei porque tomei a decisão de jogar tudo o que é seu e também tudo o que um dia chamamos de nosso no lixo. Eu calei, mas, na verdade, essa é a última vez que lhe escrevo e espero, do fundo do meu coração, que compreenda e não insista em manter contato. Eu calei e, por isso, resolvi escrever. Alguns informes: vou vender a CASA e tudo que tem dentro dela vai junto. Vou comprar uma CASA nova, só minha. Vou trocar de cidade, telefone, nome e sexo. Vou tomar 444 banhos para ver se consigo limpar a sujeira sua que ainda resta em mim. Vou também pintar o cabelo, fazer as unhas, comprar sapatos novos e também um novo par de óculos. Desde que você passou pela porta eu não vejo mais nada, pois os meus óculos você que havia comprado. LIXO. Vou escutar novos artistas, mudar de estilo. Vou levar o cachorro, mas agora ele tem outro nome e não me venha com essa história de "nosso filho" para cima de mim. O cão agora chama-se Resto e é a única lembrança que vou guardar de você. Eu calei porque também não tive coragem de ir lá fora, te buscar pelas mãos e pedir mais uma chance pra gente. Sou um covarde. Eu calei porque a porta abriu e você saiu correndo, sem olhar para trás.

O amor me violenta.


Mais uma vez, obrigado.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eu gritei porque.

Eu gritei porque falar não foi suficiente. Porque foi, e ainda é preciso, saber que você cresceu e de coelho se transformou em girafa. Eu gritei porque nessa troca, sem aviso prévio, você passou a ocupar um espaço enorme dentro de mim. Agora você está aqui dentro e eu não posso mais reclamar do vazio. Agora você está aqui dentro e as coisas estão parecendo completas. Mas não. Eu gritei para tentar trazer você comigo, na verdade. Eu gritei, pois juntos invertemos a ordem normal das coisas. Ou seja, agora que você está aqui dentro já não é mais preciso parir. é que você nasceu antes da concepção. nasceu assim, no susto, sabe? Eu gritei porque quando vi você transbordar por meus pequeninos furos, nada pude fazer ou pensar. Eu gritei para externar a dor que agora sinto. Eu gritei porque falar não foi suficiente. Porque agora estou pesada, gerando um filho que nunca mais vou tocar, ninar beijar, amar fisicamente. Eu gritei na hora de ir embora, descendo daquele ônibus gelado em buscado do calor do seu abraço. Eu gritei por mais esse laço. E, embora acredite em frutos verdes, estou sem graça de comer-lhe o último pedaço. Eu gritei porque estou grávida de algo que já esta na escola. de algo que já pensa, lê, formula questões e, mais para frente, vai também se questionar se do meio se vai para frente ou para trás. Eu gritei porque estou grávida do jardim zoológico e dentro de mim não há espaço para tantas jaulas e gaiolas. Mas você está aqui. Tomando meu ar, minha comida, meu suco gástrico. Ás vezes, em ruas muito movimentadas, você chuta. Eu sei, já compreendes o perigo, separando o seguro do ameaçador. Eu gritei porque agora que estou gorda de você vou precisar entrar em regime de dieta. Eu gritei porque não quero emagrecer, mas será preciso. Pois tomei a decisão de lembrá-lo em doses pequenas. Não posso abortar mais uma história de amor.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A coisa do carro.

"a coisa do carro, eu me lembro. vc estava mto cansado, com a cabeça de lado. daí eu disse q se fossemos carros, o seu ponteiro da gasolina estaria na reserva. e vc perguntou: e o seu? o meu estaria quase chegando na reserva, pq abasteci de manhã dormindo até as 10."

embora abastecido, meus ponteiros ainda estão na reserva. por saudade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Preciso escrever, preciso do meu computador. Eu disse.

A pouco tempo atrás cheguei a classificar o enorme esforço feito para ir como "muito barulho por nada". Hoje, tendo acabado de sentir o chão firme de minha terra, fui obrigado a mudar minha opinião. Talvez, não pelo acontecimento como um todo. Mas pelas pessoas, em especial, por você. Mais uma vez estou sendo obrigado a rever minha vida, tirando dela as histórias que tenho para contar. que gosto de contar. Na volta, conclui que você será mais uma delas. Dessas boas lembranças, que a gente gosta de ter. Desde pequeno, meu lugar predileto é o aeroporto. Até hoje, esse espaço me emociona, trazendo sensações que pouco sei ou procuro explicar. São viagens, chegadas, partidas, encontros, despedidas, muitos beijos, abraços, laços... é o poder de ir e vir que move o ser humano moderno. dono de seus caminhos e decisões. pois bem, eu fui, ou melhor, fomos. A Dóris disse que, na verdade, todos foram só para eu encontrar você. Ela acredita em destino, caminho, essas coisas que dou pouco valor. Talvez, eu precise também rever esse meu posicionamento. Me lembro agora que enquanto eu tomava banho e você me fazia compania, perguntou se eu acredito em Deus? Acredito, eu respondi. E são por essas situações que passo a acreditar mais. Por esses encontros que são como presentes, surpresas boas, antídotos poderosos para o coração. Eu voltei, estou aqui, em casa: seguro, cansado, leve e pesado, feliz e saudoso. Já tenho saudade de ti. Uma vez, disse a alguém que minha vida é feita de saudade. Acho que tenho razão. Passamos tão pouco tempo um ao lado do outro que poderíamos julgar todo o ocorrido como loucura. Mas não. Se estivéssemos loucos, teríamos sido extremistas, como você mesmo disse, ou então desmedidos e por ai vai. Mas não. Soubemos respeitar o tempo e, o mais importante de tudo, nos respeitar também. Eu voltei. e agora sou como uma bolha prestes a explodir de alegreia e prazer. Mal sabe, mas foi você a pessoa que me devolveu a crença nas coisas que sempre busquei acrediar. no amor, no romance, no encontro de almas e também na química, como você disse. Não eu não me importo com a sua idade, pois você não ter vergonha dela. Na verdade, foi a partir dela e da lovely que começamos, de fato, a travar o início de uma longa conversa. Digo longa, pois meu corpo, embora sem contato, ainda conversa com o seu. é que foi tão doce que não sei explicar nem traduzir em palavras. A minha barriga é feia, eu disse, e você nem se importou pois o grande barato do momento era saber se eu sentia cócegas ou não. sim eu sinto. O grande barato foi e ainda é ver como você consegue ser enorme em uma cidade tão pequena. Ver como sua beleza se destaca. Ver sua ousadia, seus óculos para não falar dos seus desenhos. Ah, os seus desenhos. Trouxe um cadinho deles comigo, rabiscados em uma camiseta que deixou de ser comum e jamais ficará velha. Agora ela é uma daquelas camisetas que a gente guarda para sempre, sabe? Aquele tipo de roupa que fica com o cheiro do perfume da pessoa amada. Através dos seus desenhos, lembro-me de seu rosto, olhos, beijo e nariz. Lembro-me também de sua coragem em ter dividido momentos tão importantes comigo. Lembro-me de você, ali no restaurante, com as mãos grudadas nas minhas, não se importando mais com os olhares alheios. Você não me deu nenhum beijo hoje, você disse. eu não soube o que dizer, pois todo o tempo que passei sem lhe beijar o fiz em respeito a você. Resolvemos o engano. Naquela sala de aula, quente, no colchão tropicalista que sim, tens razão, daria um belíssimo casaco de moleton com zíper vermelho. Se um dia você o fizer, saiba que será meu mais esta fabulosa peça odente. Como serão minhas também as peças que ainda vou encomendar. Agora que já tenho uma exclusiva, posso ter todas. Preciso dizer também que eu nem sabia que você adora jujuba, mas saindo do banheiro, os pacotinhos gritaram meu nome e eu, sem entender, os levei comigo. Bingo. Era jujuba o que você queria para aliviar aquela premiação para lá de tensa. é que ficou colado em mim o pedaço daquela parede, daquele cantinho, da grama daquele jardim. "Núúúúú", como você mesmo diria, expressando-se com entusiamo. É que ficaram em minha boca os sorrisos que demos, as alegrias que tivemos o encontro marcado, que sem marcar ou pensar, realizamos. é que ficou na minha cabeça o quão especial foi tudo isso. o quão maduro e exato. é que saí desesperado do ônibus, correndo pelo prédio da universidade a sua procura. para lhe dar o último beijo, abraço, para olhar seus olhos, talvez, pela última vez. é que sem todas aquelas fotos eu não poderia ir embora. nós dois ali, mais uma vez, naquela sala e eu falando sobre abstrações do momento, levando as situações para a filosofia. você poderia ter achado um saco. Mas não. Disse que quando eu falo a imagem que vem a sua cabeça é a de vários livros se abrindo e fazendo aquele barulho do rápido passar entre páginas. pequenino, eu não sou tão inteligente assim. Eu queria ter dito, mas não consegui. Pois a imagem que fazia de mim naquele momento foi umas das mais belas que já esboçaram. Sabe o que eu gosto mais em você? É que você quer ver todo mundo crescer, você também disse. Sim isso é verdade, procuro ajudar as pessoas sempre que posso. e procuro também torcer muito pelas que gosto. Mas nesses momentos, eu só tinha olhos para você e todo este entusiasmo que viu em mim, foi você quem gerou. fui conhecer patos e me deparei com uma girafa, meu animal predileto. bonito, grande, do pescoço e corpo volumosos. animal charmoso, presente e forte. mais um para fazer compania a lovely, ao menino coelho e tantos outros bichos que por ai estão a andar, amar, conhecer e viver. é que realmente vivemos esses três dias de uma forma que jamais esquecerei. Agora entendo a força que não sei de onde tirei para me fazer presente nesta viagem, neste festival, neste eventopeçacoração. ver você na primeira fileira do teatro foi fabuloso. ver você me esperando lá fora. nos ver caminhando, cantando... um brinde, eu sugeri: a nós. é que ainda preciso brindar mais. é que ainda preciso respirar, guardar você direitinho. já colei na agenda o desejo de feliz dia das crianças. já guardei a blusa que ainda está com o peso de suas mãos. já revi as fotos e quero ver as outras. já contei a alguns e quero dizer mais. tudo que se vive dessa forma é preciso ser narrado nos mínimos detalhes, que foram muitos. em breve, lhe mando a foto que pediu. junto com ela, minha saudade e carinho.

"Quando a lua apareceu
Ninguém sonhava mais do que eu
Já era tarde
Mas a noite é uma criança distraída
Depois que eu envelhecer
Ninguém precisa mais me dizer
Como é estranho ser humano
Nessas horas de partida..."

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

" Eu chorei porque..." - Exercitando a matriz dramática

Eu chorei porque você deixou o coelho cair na hora mais importante. eu chorei porque sem o coelho nada mais faz sentido e, assumo, está difícil encontrar uma saída. eu chorei porque via no coelho a alternativa que nos ajudaria a solucionar todos os problemas que estamos passando. eu chorei porque durante a queda, o coelho não disse nada, mas me olhou. eu chorei porque não me movi para apanhá-lo. lento, ele foi saindo de suas garras desfilando longa caminhada em direção ao chão. eu chorei porque durante a queda o coelho não disse nada, mas me olhou! do verde dos olhos dele, milhares de palavras foram brotando. você calado, eu cego e o coelho surdo. se é verdade que os animais só conseguem ver as coisas em preto e branco, eu também chorei por isso. na verdade, ainda não sei como foi e quando foi o exato momento em que ás lágrimas começaram a desfilar longa caminha pelo meu rosto. eu chorei porque você deixou o coelho cair na hora mais importante. estava tudo pronto. como combinamos e desejamos meses antes. estava tudo armado, limpo e cheirando a azaléias. a cozinha, a sala, o quarto, o escritório e os banheiros. todos eles esperando. e nada. todos eles agonizando. e nada. eu chorei porque não sei o que vou dizer a CASA já que agora o coelho se foi. porque não sei se invento uma mentira ou se conto logo toda a verdade. porque penso que a CASA não me dará seu perdão. pensei em dizer que você foi o culpado, mas isso pouco aliviaria também o meu pesar. eu pensei até em... Em dizer que podemos trocar o piso, pintar as paredes, comprar quadros novos e, quem sabe, até um novo aparelho de televisão. eu chorei porque sem o coelho as crianças não vão querer mais almoçar. vão gritar para entrar no banho e na hora de ir para a escola vai ser aquele !auê! porque sem o coelho não tem razão e eu queria que você pudesse entender todas essas coisas que eu estou dizendo. porque eu peço que você busque encontrar um denominador comum dentro disso tudo. Eu chorei porque você deixou o coelho cair na hora mais importante. As portas ouviram, eu tenho certeza. Como também tenho plena convicção de que quando eu chegar em casa até as músicas já estaram cantando essa dor que agora sinto. eu chorei porque não sei mais o que fazer sem o coelho. Não! Não! Não, nem pensar. Eu disse a você que o coelho era insubstituível. E foi por isso que eu chorei. Meu celular está tocando. São as estantes. Não sei o que dizer a elas, não vou atender. Ligação Rejeitada. Coitadas, elas devem estar chorando porque você deixou o coelho cair na hora mais importante de todas as que... Não sei. não sei se elas choram pela mesma razão pela qual eu choro. eu chorei porque. já disse. Agora o que precisamos pensar é no que fazer sem o coelho. Estou lhe dizendo todas essas coissas porque eu não vou chorar por sua ajuda. Acho que você poderia, na verdade, deve me ajudar a lidar com essa situação. Se os dragões não conhecem o paraíso, pensa nos coelhos. Meu deus, ele deve estar morrendo de frio agora. Porque não vou conseguir contar as crianças que ele vai encontrar com a vovó dele, que vai olhar por elas lá de cima. com COELHO não cola essa história de passagem, sacou? Com coelho não cola fantasia, nem mais ou menos. Com coelho as coisas são exatas e, por esse motivo, eu comecei a chorar agora. Pensei em galinha, peixe, pato, gato, cachorro e até em elefante eu pensei. Não sei. Talvez a CASA pudesse esquecer o coelho ganhando de presente algo que se manifestasse muito maior do que ele. algo que ocupasse mais espaço que ele. algo que nos exigiria tempo e um incrível sistema de convivência doméstica. algo que nos recolocasse dentro de nossas quatro paredes. Não sei. Mas não. coelhos não podem ser trocados. ou você tem um coelho ou esquece. Pronto.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"Nosso casamento me violenta porque..." - exercitando a matriz dramática

Nosso casamento me violenta porque, desde de pequena, fui ensinada a acreditar em você. Nosso casamento me violenta porque, desde pequena, eles me diziam que quando eu estivesse com você, ao seu lado, tudo estaria em paz. Nosso casamento me violenta porque você está em todos os lugares, mas nunca está comigo. Nosso casamento me violenta porque, ao contrário de todos os outros, em você eu não vi abrigo. Nosso casamento me violenta nas formas em que você se justifica e expande sua doutrina. Nosso casamento me violenta porque em sua casa eu não me sinto seguro. Nosso casamento me violenta porque nunca podemos ficar a sós. Nosso casamento me violenta porque não temos privacidade. É isso. Me violenta porque quando te vejo minha vontade se perde e meu mundo se transforma. Porque perco minha trajetória até então estabelecida e me certifico que com você não posso subir o elevador. Pois subiria sozinha. Nosso casamento me violenta porque você sempre prefere se fazer invisível. Me violenta porque todos chamam seu nome e eu já nem sei mais se sou tua. Me violenta porque quando você tira a minha roupa, meu corpo se abre por inteiro. Porque me vejo nua ao seu lado e você nada diz ou faz. Me violenta porque, ás vezes, você se cansa rápido demais. Nosso casamento me violenta porque ao seu lado eu não posso ser puta. Me violenta sua extrema necessidade pelo sublime, sua admiração pela pureza e simplicidade. Me violenta porque quando estou ao seu lado sei que está pensando nela. Maria Madalena. Me violenta porque posso me envolver com mais de mil pesares e nenhum deles fará sentido para você. Nosso casamento me violenta porque acreditando em você eu perdi o juízo e, depois disso, nada mais tem cor. Nosso casamento me violenta porque nele todas as alegrias terminam em dor. Nosso casamento me violenta porque nessa brincadeira de acreditar eu pirei e, ás vezes, acho que sou você e você sou eu. Me violenta porque dentro do meu guarda-roupas não vejo mais o manto seu. Nosso casamento me violenta porque as pessoas gostam demais de você e não fazem idéia do quanto você pode ser rude, cruel. Me violenta sua imagem, ali parada, crucificada. Nosso casamento me violenta porque desde o dia que você anunciou morrer por mim eu não parei de chorar. Me violenta porque meu choro foi de alívio por não precisar mais lhe suportar. Me violenta porque no dia em que você se foi, minha vida começou a acordar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Antípodas - Ele, Ela e Eu. Repertório Criação!

"Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?" - Caetano Veloso

1) Ela levanta, de forma impositiva, com o dedo indicador ereto, o braço esquerdo. Levanta o braço por trás.

2) Ele tenta ir abraçando ela. Quando próximos, ela apóia sua cabeça no peito dele. No momento em que ele vai fechar os braços para concretizar o abraço, ela sai de perto dele "num giro".

3) Os dois andando em linha reta. Ela na frente, ele atrás. Ela para e, de supetão, deixa o corpo pesar para trás apoiando-se nele.

4) Ela com o dedo indicador na mira do nariz dele.

5) Os dois em linha reta, Ele na frente, ela atrás. Ele olha: 1, 2, 3 tempo-ritmos. No tempo 2, Ela corre e pula nas costas dele, agarrando-se com as mãos pelo pescoço dele. Ps: Lembrar que este movimento precisa ser preciso e forte. Precisa ser um oposto, uma imagem linda, mas onde Ela poderia ter sufocado Ele.

6) Ela olha para Ele, que é mais alto, com os olhos direcionados para cima.

7) Ela impurra Ele com a cabeça, pela barriga.

8) Ela senta, no chão, com as mãos tensas entre as pernas. As mãos estão trocadas, desconexas.

9) Ela canta com as mãos no ouvido. Ele puxa a mão direita dela. Ela para de cantar imediatamente, olha para sua mão e depois para Ele.

10) Os dois em linha reta. Ela na frente, ele caminha por trás para abraçá-la na direção do baixo-ventre. Quando próximos, Ela vira de supetão e o surpreende.

11) Ela delira, com os dedos e o corpo em suspensão. Quando Ele diz uma coisa, o movimento dela se quebra imediatamente. Atenção para a respiração no movimento.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Eu sobrei porque..." - exercitando a matriz dramática.

Eu sobrei. Na verdade, venho sobrando desde a primeira tentativa para não sobrar. Quando vejo todas as coisas que vivemos juntos, realmente, tenho a sensação de que sobrei. Sobrei desde o primeiro beijo no parque até o último, desesperado, calado, em prantos por minha/nossa partida. Eu sobrei porque precisava aprender a ficar sozinho. Mas agora já aprendi e ainda continuo na forma de sobra. Eu sobrei porque fui paciente, soube respeitar os seus medos e vontades. Eu sobrei porque fui coração aventureiro, levando sempre na mochila minha muda de roupa, com a esperança no peito de você me convidar para dormir em sua casa. Eu sobrei porque fui compreensivo demais e soube tolerar os seus ataques de ciúme, suas fotos e amigos celebridades. Eu sobrei porque não fui capaz de olhar para dentro. Eu sobrei porque me anulei e deixei você ir crescendo, tomando este meu espaço íntimo que, agora, oco chora baixinho. Eu sobrei porque você não poderia sobrar. Eu soubrei porque você jamais conseguiria lidar com essa situação. Eu sobrei para te salvar e nada disso recebi em troca. Eu sobrei como surpresa do kinder-ovo, da criança amadurecida que só queria mesmo era comer o chocolate. Eu sobrei verde abacate. Eu sobrei nas suas poesias intermináveis onde nunca fui amado. Eu sobrei por cima de suas letras e seu cadáver. Eu sobrei porque do que nada encontrei em você, vejo que em mim transborda. Eu sobrei bossanovacaetanomarinaritazeliaguilhermearnaldomarisaadrianamariamaria. Eu sobrei por completo o calçadão de copacabana e no posto seis lamentei sua partida. Eu sobrei proque me abracei a este amor que acreditava ser para sempre. Eu sobrei por querer me apaixonar e julgar esta vontade comum. Eu sobrei todas as escadas que subimos juntos. Eu sobrei niterói, para ser mais preciso gavião peixoto, eu sobrei laranjeiras, largo do machado, catete, botafogo, urca, vila isabel, penha e são paulo. Eu sobrei por bares esquinas. Eu sobrei porque estava bêbado e fora da realidade você não me aceitou. Eu sobrei porque me negaste um abraço antes de partir. Porque me negaste uma avenca, um sorriso, um chocolate. Eu sobre feito disputa em carrinho bate-bate, como nesta rima pesada que acabo de fazer. Eu sobrei porque queria ser rei e o dia de minha coroação nunca marcamos. Eu sobrei porque ainda sinto o seu perfume, a inhaca dos cigarros que fumamos juntos, a gordura das gorduras que ingerimos. Eu sobrei porque minha roupa ainda continua suja do seu sexo que não foi embora. eu sobrei porque a água acabou e foi preciso tomar banho de panela. Eu sobrei naquele dia, naquela janela. Eu sobrei porque todos os momentos que passamos juntos hoje estão em fotos e posso me lembrar exatamente de cada um deles. Eu sobrei por ser exigente, trabalhar com os detalhes e apreciá-los. Eu sobrei porque lemos muito e juntos carregamos o peso de cada página. Eu sobrei porque no escuro não consegui ver a maçã. Assim como ainda não consigo achar seus olhos nesse escuro claro que me cerca. Eu sobrei porque sinto saudade e, por esta razão, ainda sobro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Antípodas - composição número dois.

- Narrativa contínua: descrever o espaço da ação.
- Contar a história da peça ( em primeira pessoa, ou seja, na visão da personagem)
- Resumir a história da peça ( apresentação de uma sinopse)
- Uma frase para Antípodas
- Três palavras para Antípodas
- Uma palavra para Antípodas
- Um som para Antípodas
- Um suspiro para Antípodas
- Um gesto para Antípodas
- Um minuto de silêncio

Obs: É preciso apresentar a composição respeitando a ordem das regras.

Tempo: Mínimo - 6 minutos. Máximo - 10 minutos.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O máximo de sinceridade e o Mínimo de resposta.

Ele entra. Munido de uma mochila, uma cadeira preta e uma lata de coca cola vazia caminha em direção ao centro do espaço. Posiciona a cadeira de frente para as pessoas que o assistem. Coloca a lata de coca cola embaixo da cadeira, exatamente no centro. Ainda resta na lata um canudo um pouco mordido em sua ponta. Tira a mochila das costas. Coloca a mochila nas costas da cadeira. Tira os sapatos e os colaca em frente a cadeira. Inicia um movimento contínuo de tirar todos os objetos de dentro da mocilha, posicionando-os perto da cadeira, em relação com ela, como se ali ele mesmo residisse, como se naquele momento, naquela cadeira ele estivesse sentado. Então são as apostilas, o livro e a caneta em cima da cadeira, ao lado o estojo e o cigarro, na frente dos sapatos em fila reta ficam: a carteira, o celular, as chaves, o hidratante labial, o creme para a tatuagem, uma foto, um remédio para azia e só. Em cima das apostilas, da caneta e do livro, apoiada nas costas da cadeira, uma foto que tem seu rosto com uma expressão de estranha tranquilidade e beleza. Em cima da foto, apoiado nas tiras das costas da cadeira, um óculos escuro. Ascende um cigarro e fica observando o outro, ali formado por seus próprios objetos. É outro dele e mais um dele mesmo. Inicia outro movimento contínuo de cantar uma série de músicas com o objetivo de agradar seu novo ele. Seu outro ele. Depois de muitas tentativas frustradas, lembra-se da música que, a muito tempo, disse com tamanha certeza de que seria a música de seu casamento. Pois não. Canta a música. Em um agrado pequeno, parece que o ser cadeira responde. Então ele começar a retirar os objetos e guardá-los na mochila. Da mesma forma que entrou, sai. Percebe que esquece a lata de coca cola quando, sem querer e ver, esbarra com os pés nela. A lata rola. Deixa os objetos longe do lugar onde apresentou sua composição. Volta, pega a lata de coca cola e sai.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Para você, Jacira.

é que agora vejo você ao meu lado e perto de mim e longe de mim e amigo de mim como se, de fato, em mim, dentro de mim, você estivesse. agora penso que somos de verdade, de dar as mãos, tocar segredos e sagrados. penso que passeio com você pela Augusta vendo todas as jaciras passarem com seus pêlos e peitos definidos. penso que temos sim um jardim e que está cada vez mais doloroso ver os girassóis não resistirem a esses monstrinhos. tenho a certeza de que fui eu quem guardou suas coisas quando perdeste o apartamento em são paulo, como também sei que lhe escrevi durante todos os meses que estiveste fora do país. comprei todos os jornais onde palavras suas me cantavam belezas pela manhã fria. fui eu quem saiu de madrugada a lhe procurar pelas casas noturnas, fui eu quem viu você com outro e não se importou, pois sabia que nele, você também me amava. talvez, tenha sido eu a pessoa que lhe enviou os botões de rosa que plantaste durante os seus últimos dias de vida. fui eu quem dividiu o café com você e também com a jack, com o gui, com a lygia, com a magli, com todo o mundo. fui eu quem leu as primeiras páginas de seu romance que ficou inacabado. na estréia de sapatinhos, eu estava lá. sentado. foi por amor a ti que aceitei sua doença e me fiz positiva quando pensava ser tudo isso um acontecimento de grande negatividade. eu estava lá cantando com cazuza no momento em que ele lhe dedicou aquela música. em paris, quando a grana estava curta e o frio enorme fui eu quem lhe enviou os envelopes com pequenas quantias em dinheiro e fotos de lojas que, no momento, liquidavam seus cobertores. ao seu lado nos meios de transporte: ônibus, trem, avião, carro, júpiter, saturno. eu jaciiiiiiiiiiiiiiiiiiira que só ela, como você, sempre de salto agulha, mini saia de couro, preta, apertada, esperando o amor chegar. fui eu quem disse aos jovens para lhe idolatrar. eu fiz tantas coisas por você. quando ana se tacou da janela eu não fui segurá-la. preferi estar aí, ao seu lado. comprei lenço para as lágrimas, caetano e adriana para o pós-morte. quando tacaste fogo no apartamente, foi meu coração que quase se derreteu todo no ato de pensar que já havia chegado a hora de sua partida. no menino deus, interior, eu também dizia as pessoas que lhe não lhe tratassem mal, que fizessem certo esforço para compreender as almas solitárias. eu fiz tanta coisa por você e, hoje, não sabes o quanto andas fazendo por mim. espero que estas palavras, de alguma forma, te alcancem e espero também que você possa sorrir ao entrar em contato com elas. espero que estejas confortável, perfumado, cheio de livros e discos. espero que um dia, mesmo depois de feito tanto, eu posso retribuir tudo o que vem fazendo por mim. com amor.

domingo, 16 de agosto de 2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

tá.

é que quando nos vemos, você transborda de mim.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Xambudodepressão.

onde fica a minha pátria? eu ainda não sei o que sinto por você. vai meu filho, segue teu caminho que de cá eu te olho. vai. mas volta. pra gente cantar mais uma nova canção. que quando você me pega no colo, me segura com as mãos... meu corpo treme e sente medo, aflição. mas sente-se também protegido, admirado. vem filho, eu te espero pro nosso refrão.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Das narrativas do meu corpo.

talvez todo o problema seja mesmo o corpo. não ele, coitado. mas o que fizeram dele. todos vocês. vocês que me tocaram, beijaram, amaram e foram embora. vocês que, as vezes, voltam sem fazer aviso ou até mesmo vocês que esqueceram, por completo, que, um dia, por aqui passearam. o problema deve ser mesmo o meu corpo e nele as marcas que vocês deixaram. como pode, santo deus, meu corpo se alembrar de como, onde e por que nos amamos?o meu corpo não falha. tudo passa, mas permanece nele a memória do movimento. como se ao longo de todos os minutos, camas, colchões e retalhos que já vivemos, o meu corpo e eu, ele fosse armazenando detalhes para, posteriormente, transformá-los em partituras. o meu corpo é repertório. de todos os nomes que já tive. de todas as maneiras que já se arriscou a pular mais alto. o meu corpo está sempre vestido para matar e ele fala por mim. é como se, por alguns momentos, todo e qualquer tipo de resposta escolhesse se manifestar na forma física. as palavras me faltam, a boca trava ele responde. na resposta, me desvenda, me tira a máscara que costumo usar. revela. mostra-me nu, assim como só eu me vejo diante do espelho. não puro, mas limpo. eu queria poder descrever todos esses momentos, mas eles precisariam ser filmados. o meu corpo não fala por caracteres. ele é movimento. e assim como o dela, o meu corpo também é obra. e só de saber que ele vai entrar em contato com o corpo de todos vocês. ele está inseguro. não pelos toques que possa vir a receber. a insegurança brota em não saber como se movimentar, como completar com ele as lacunas que sobram no de vocês. está com vergonha. aprende corpo a se defender, marcar território. mostra sua pátria e não seu presidente. o meu corpo me dói e isto é culpa de vocês. cada pedaço dele carrega uma história. o meu corpo é feito de lembranças. e por mais que eu me dedique a difícil tarefa de deslembrar. ele insiste em passar como em um filme: imagens. créditos sem fim. que roteiro é esse que fala por mim?vocês não me disseram que estavam gravando. quero controlar a edição.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

Das reclamações com o frio

Vai, mas volta. Preu ver se de volta a gente começa a cantar. Vai, mas volta. Conta até cinco com os dedos. me abraça forte. diz que...


são os espaços, as lacunas, o que ainda não foi tomado como casa, moradia...

é o corpo como alimento, vida.
como regra, aprisionamento.

domingo, 31 de maio de 2009

O meu corpo me dói.

O Problema é com o meu corpo. Só com ele.

domingo, 24 de maio de 2009

Acabou Chorare?

Acabou chorare, ficou tudo lindo
De manhã cedinho, tudo cá cá cá, na fé fé fé
No bu bu li li, no bu bu li lindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo
Talvez pelo buraquinho, invadiu-me a casa, me acordou na cama
Tomou o meu coração e sentou na minha mão
Abelha, abelhinha...Acabou chorare, faz zunzum pra eu ver, faz zunzum pra mim
Abelho, abelhinho escondido faz bonito, faz zunzum e mel
Faz zum zum e mel
Faz zum zum e mel
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Abelha, carneirinho...
Acabou chorare no meio do mundo
Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio
Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa
Fiz zunzum e pronto
Fiz zum zum e pronto
Fiz zum zum

(Novos Baianos)

domingo, 17 de maio de 2009

Uma rapidinha!

Você foi embora e as coisas pouco mudaram. Acho que, na verdade, nada mudou enquanto você por aqui esteve. Minto. Eu fiquei sim mais feliz por poder te ver alguns dias, desfrutar de sua compania e palavras bonitas. Mas não sei. Nossos momentos já não são os mesmos e ver você me fez sentir mais saudade de outro que você já foi. Outro que foi em minha compania, do que já fomos juntos um dia. Senti saudade como sinto de tudo que já vivi e do que não vivi também. Mas dessa vez eu não sei...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Violenta

O QUE TE VIOLENTA?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Tosse Seca.

é que foi tão bom conversar com você que ainda não sei se estou feliz, de fato ou se o fato foi feliz de. é que me perco em meus cigarros e pêlos e, quase por segundos, desejo viver tudo denovo. encontrar, conhecer, beijar, trepar, aniversariar, cuidar, brigar, terminar e depois... depois de um tempo, do seu do meu, ver que as coisas podem ser realmente como havíamos nos prometido. é que me perco em meus cigarros, que vão subir de preço no dia vinte, a caixa loira da padaria da daqui de copa me disse, e fico pensando... penso mil coisas e não realizo nenhuma. não faz mal. as coisas não precisam ser feitas no minuto seguinte ao que são elaboradas. quer dizer, pensadas. afinal, pensar estar longe de elaborar. elaborar é muito mais complexo, envolve uma série de segmentos que, quase sempre, são derrotados pela preguiça. ou seja, o elaborar funciona quase como uma peneira, deixando se realizar somente o necessário, ou seja, o que nos faria, ou me faria, falta. e me faz. por isso elaboro tudo que precisa nascer, tudo que de dentro de mim quer sair. tudo que fala mais alto do que minha própria vontade de gritar. hoje chuveu. muito, mas de forma rápida. na verdade a chuva durou o tempo de tomar um táxi e chegar ao destino desejado. foi a pressa que nos fez não esperar a chuva passar. poderíamos ter vindo de ônibus, ter guardado um pouco do dinheiro que pouco temos. mas issto também se revela como mintira. não, não teria vindo de táxi, pois tenho medo de andar só na rua da faculdade depois das vinte e duas horas. está certo que só eu não estava. mas estava com ela que de tão pequena é uma grande compania, mas que não funciona como proteção. talvez o meu gostar por ela seja tão grande que me sinto no dever de protegê-la. então, nesses momentos que estamos os dois juntos e sós, sempre optamos por chamar nosso táxi e ter a falsa sensação de que estamos seguros no caminho até nossas casas. faz tempo eu não escrevo aqui. é que precisava de um tempo mesmo. é que me afundo em meus cigarros e não sei mais quando parar. a tosse seca está aos poucos melhorando, mas ainda me prega peças. como, por exemplo, vir tussindo a viagem inteira de niterói até o rio de janeiro, me fazendo pensar estar atrapalhando a viagem de todos e não poder fazer nada. pensei, mil vezes, em pedir um gole da água do motorista, uma bala para a pessoa que estava sentada ao meu lado. mas nada fiz. estava com medo, tímido. fiquei ali, quieto, mas ao mesmo tempo com a atenção toda tomada para os meus eternos cofs cofs. a tosse te leva a uma ligeira irritação na garganta, que te leva a ter uma queimação após as refeições, que te leva a ter sede, que te leva a mastigar quarenta pastilhas de pesamar e genéricos. faz calor em copacabana. escuto adriana. vou buscar mais água. calma tua rosa que o que é seu, sempre volta completo pra ti. calma.

domingo, 22 de março de 2009

Por

Repeti algumas vezes que sou maior do que este tipo de situação. Conclui que não preciso descer ao nível de outras pessoas para me fazer compreender. Controlei minhas atitudes, não disse nada. Segui em frente como quem controla um carro por uma estrada já conhecida. Ou seja, com toda a calma do mundo, mas também com a fúria e a vontade de chegar o mais rápido possível ao ponto desejado. Fiz de mim curva, contornei a situação para que me sentisse melhor. Nada. Afirmo que não valeu a pena. Pois o que eu queria mesmo era gritar ali, na frente de todo mundo para que todo o mundo pudesse ouvir. Queria dizer que considero este tipo de coisa um absurdo. Que é preciso ter respeito pelas pessoas e saber que nem todas são feitas de ferro. Eu queria subir na cadeira e dizer que me senti traido, que vi os sinais de minha estrada piscarem vermelho e mesmo assim você continuou. Mas não. O ser humano é orgulhoso e, como ele, eu fui também. Brasileira disse que precisamos depositar menos confiança nas pessoas que pouco conhecemos. Eu não sei fazer isso. Como também não sei me passar por forte quando não sou. Não me ensinaram nem nunca procurei aprender também. Por que precisamos sempre manter a postura? Santinha. Eu sou fraco. Pensei sobre o que eu vi ocorrer várias vezes e ainda continuo pensando. Santinha. O melhor é saber que foi uma dupla traição. Os meus chifres são sentimentais, pois não havia nem nunca há de existir algum tipo de relação entre nós que pudesse ter um nome. Ou qualquer tipo de rótulo e afins. Eu fui traido por mim. por me fazer tão crente, amigo e querido. por me fazer pau-para-toda-obra. por me fazer anfitrião, boasvindas, sinta-se em casa. por me fazer campo fértil, balão de festa, algodão doce. por me fazer desejável quando, na verdade, minha alegria e prazer são de montanha-russa. velozes. por me fazer palhaço de meu próprio circo sem platéia. por me fazer planta, avenca, queimada pelo sol e pisada pelas crianças que teimam em brincar no jardim. por me fazer espelho de minha mãe, peso de papel familiar e blusa que falta um botão. sempre. por me fazer carinho e namorar. por me fazer crer que as coisas um dia podem ser melhores do que são hoje. por me violentar, me prender caminhão rua sem saída. A dentista me disse que eu preciso comer mais frutas, melhorar a minha alimentação, cuidar mais da minha saúde. É engraçado, mas ouvindo tudo isso parece que só eu preciso melhorar. Tenha dó. por me fazer ladrão de seu sorriso.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Difícil

é sempre tão complicado te ver que só de pensar na idéia ela já me parece distante. para nosso primeiro encontro foram mais de 19 mensagens enviadas. uma rua, mil pessoas, o carnaval estourando. estávamos lá. no meio daquela multidão conseguimos nos encontrar. hoje, as ruas não estão mais cheias. não estão mais sujas. tens meu número e eu o seu. não conseguimos nos encontrar. fiz convites, todos os que pude e desejei, mas você não compareceu. não me diga que irá as coisas se, de fato, não pretende fazê-lo. não mintas me vestir de jóias se seu dinheiro é pouco, como o meu. o que pouco também me importa. o que se torna importante nos momentos em que você não está é quem se faz presente. quem quer ser visto. pede atenção e consegue. por um segundo pensei em guardar meus olhares para você, mas acho que de nada adiantaria. é este o problema. o seu não estar. os homens que me elogiam quando você cala. que me beijam quando você nega. que me comem com os olhos quando você camufla o seus sentimentos com óculos escutos. o seu não estar. o meu corpo está cansado, pois a festa foi um sucesso e sem mais. cansado por ter esperado você adentrar o salão, como prometido, e me oferecer um drink. cansado por ter me deixado conhecer por outras pessoas. cansado pelo calor que fazia mas dançava. é natural que a espera se dê até determinado momento. difícil foi saber julgá-lo. hoje em dia não se pode prever a que horas alguém ainda pretende entrar em uma festa. isso sufoca. meu deus. eu não sei até onde as coisas se relacionam. sei que estou cansado deste eterno esperar. uma ova. quero fazer minha nova tatuagem. para isso preciso de coragem e grana. quero também comprar um caderno novo para um novo ano letivo. estou colecionando isqueiros para em breve: obra de arte. tenho filtros para tabacos naturais, mas não uso. não gosto. em breve também: obra de arte. o meu ventilador de teto está com defeito e sempre que vou deitar penso que ele pode cair em cima de mim ou da vovó. faz muito calor por aqui. e você não está. como não esteve ontem.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Te quero verde.

Tendo terminado de fumar o último cigarro do dia fui tomar banho. Na cabeça todos os pensamentos me levavam a você. A Edith colocou tudo verde hoje na arrumação do banheiro. Toalha de chão, corpo e rosto. Todas essas verdinhas. Cada uma em sua tonalidade particular. A de corpo parece ser nova. Aquele tipo de toalha que ainda não foi lavada e, por isso, não seca direito, não atinge o resultado esperado. Aqui, no Rio de Janeiro, estamos vivendo assim: banhando-se pelas madrugadas com o objetivo de afastar o calor. Tem feito tanto que é ímpossivel não transpirar. Tudo parece suado. O verde do banheiro trouxe uma atmosfera nova para meus pensamentos. Vai ver que sou completamente manipulável, e devo ser, que o simples fato da cor verde significar, não sei aonde, esperança isto tenha mudado meus pensamentos. Deixei o banheiro um pouco mais leve do que entrei. Mas comofás? Querer te ver assim tão depressa. Não ter paciência por este eterno esperar. Comofás não te conhecer nem um pouco, mas já ter a absoluta certeza das coisas que gostaríamos de fazer juntos. É preciso fazer a cabeça parar de pensar, mas isso é impossível. Tentar ficar tranquilo. Respirar. Eu tenho saudade do que não vive, já disse. Comofás reagir aos nossos encontros que são sempre beijos e mais deles. Comofás meu corpo tremer, minhas entranhas pedirem as suas, meu pescoço nossa gravata. Comofás atribuir a um objeto um pronome possessivo no plural se ainda não somos mais de um. Se ainda estou sozinho a pensar em nós dois. Se ainda para esta dupla ficar completa falta você. Eu me cansei do ato de conquistar. O flerte pouco me encanta mais e pela paixão pouco torço. Tenho a necessidade de construir. conhecer. ter. para depois apaixonar. Quero aprender com o tempo, respeitar. Eu não sei a razão e acho que nem você saberia explicar. Mas é que quando seus olhos fitam os meus e você me diz que gosta... As coisas mudam de lugar entende? Eu prometi que não ia escrever para você, mas acho que não consigo. Eu queria falar só sobre você, sabe? Sem a necessidade que um dia você lesse tudo o que aqui está escrito e me respondesse o que pergunto, o que procuro. Cortázar me disse hoje: " Não pense que o telefone vai lhe dar os números que procura. Por que haveria de dá-los?". Por que? Porque precisamos deles. Preciso. Não sei por onde procurar. Na verdade parece que os números já tenho, mas os meus dedos. Eles não discam, não descansam, não me deixam dormir. Os meus dedos me coçam a noite inteira, reclamando a falta dos seus. Mas na hora de agir eu fico sozinho. No momento certo não são eles que me defendem, não cobrem meu rosto de vergonha. São as minhas maçãs que coram, meu pêlo que se arrepia, minhas pernas que bambam só em lhe ver. Não consigo lembrar do seu cheiro. As roupas da sua casa são lavadas com muito sabão em pó. Deste cheiro eu me lembro. Sorrio. É que soa engraçado, sabe? Ter um homem que cheira a sabão em pó. Ri. Lembrar disso me diverte e me sinto um pouco mais seguro. A semana que vem vai ser agitada e eu queria poder dividí-la com você. Bom, prometo a mim mesmo que vou entrar em contato. Também me prometo não insistir caso não queira, não possa ou, simplismente, não responda. Só não me prometo não chorar. Me permito chorar, beber, ler e fumar. São coisas minhas. Coisas que me permito.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Aham, tá bom.

espera
espera mais um pouco
mais um pouquinho só
só mais um segundo
já vai chegar,
eu juro.

senta
senta mais um pouco
mais um pouquinho só
mais um segundo
já vai vhegar,
eu juro.

chora
chora mais um pouco
mais um pouquinho só
mais um segundo
já vai chegar,
eu juro.

*
TÁ DE PARABÉNS.
*

me procura?
*

eu hein. crepe suiço. sorvete de flocos. QUÉLOR.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Assuntos

Acabei de descobrir por um menino que a cada cigarro fumado se perde três minutos de vida. Faltou este cálculo no outro post. Façam as contas por mim. Obrigado.

*

é carnaval e as pessoas estão até bastante fantasiadas. Eu disse no twitter: Todo mundo se beija no Carnaval e isso se chama: Carência. Um beijo ou dois. Mas a resposta continua sendo a mesma e sempre será. onTem eu encontrei pessoas bonitas e umas feias. O menino n para de falar. eLE disse agora que se vc fumar um maço de cigarro por dia vc tem uma hora de vida a menos. meu Dels, como a gnt se destrói. é a pós-modernidade. Mas então, dai ontem encontrei umas pessoinhas bem bacanas. Todas trabalhadas na bebida. A bebida é o que torna o carnaval uma data feliz. Só por isso. Se todos bebessem o quanto bebem e pensassem ser carnaval, todo dia poderia sem assim. Faz sentido para mim. Para mim faz.

*

A Estela é uma das pessoas que mais me anima no momento. A gnt discuti coisas e a nossa amizade vai crescer igual a dividir chiclete. Ela escreve divinamente, recomendo. 

*

Prestar atenção no modo que vc dizia as coisas ontem foi a coisa mais divertida de todo este encontro carnavalesssssssssssssssssssko. Gosssssssssssto. Um jeitinho assim: MOLEQUE, de ser. saca? Foi bem legal. Este homem, roubou minha gravata borboleta verde. Bom , um recadinho: este atitude pode ter consequências, boas e ruins. Você pode me ligar e propor um encontro para a devolução da mesma. Eu irei. Você pode resolver nunca mais me ver e ficar com ela. Tudo bem. Mas... sempre tem um mais. Se vc escolher a segunda opção e resolver usá-la algum dia, aha. Ela vai te enforcar e sugar todo o seu sangue feita uma loca dentro da montanha russa mais alta que eu já fui. Sim, eu passei mal. E se eu passei mal. Você vai morrer. é clichê. as aparências enganam. Portanto, n julgue uma simples gravata. Ela é muito mais do que parece ser. Pois, é uma interface. De alguns momentos.

*

Ir a piscina com a minha vó: Não tem preço.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Interfaces

Tudo começa com o objeto. Quando digo objeto tenho a pretensão de guiar este escrito com a amplitude que esta palavra possui. Quando digo objeto, quero me referir ao que está sendo analisado no momento da ação. Ou seja, refiro-me sempre ao centro de todas as questões, a algo que foi delimitado como fonte geradora da matéria prima para o início de algum trabalho.
Depois desta pequena observação sobre o objeto, podemos seguir. Com o objeto já escolhido, é preciso ater-se ao valor secundário que damos a ele. Justifica-se secundário através da explicação: este valor não precisa estar vinculado de forma direta a função que objeto tende a exercer, por natureza, em seu campo de ação. Este valor nos vale como uma reinterpretação do objeto. Ocorre quando o objeto passa a ter mais funções do que as previamente deliberadas, adquirindo importância maior em nossas vidas, ampliando seu campo de ação. Essa importância está, por sua vez, relacionada aos valores secundários que agregamos ao objeto. O objeto, munido do que foi dito, torna-se uma interface de nós mesmos. Com isso, e dentro deste processo, o objeto passa por um período de personificação. Ganha um novo nome, cores, odores, sons e interações.
Neste momento do processo é que podemos diferenciar “ponto de vista” e “memória”. Na personificação o objeto passar uma razão de nossa memória e não um ponto de vista que formulamos sobre ele. O ponto de vista é sempre estático ou fisicamente móvel. Ele está sempre relacionado ao modo (forma) que vemos as coisas (ou o objeto) e não como as sentimos. O ponto de vista pode até surgir agregado a um sentimento, mas este jamais poderá ser fantasioso. Explico: não participam da formação do ponto de vista nossas emoções, a parte subjetiva de nossa visão sobre as coisas. Se isso nos ocorre é pelo fato de inconscientemente já estarmos transferindo para esta nova visão fragmentos de nossa memória. Fragmentos que já foram mergulhados dentro de nossas sensações e criações energéticas internas, consequentemente modificados, fantasiados, e agregados a novas e diferentes funções. Da formação da memória, participam todos os nossos pontos de vista (forma) e o valor (sentimento) que somamos a eles. São nestes terrenos férteis que surgem as lembranças como produtos. Produtos que, neste estudo, denomino interfaces.
As interfaces, ou seja, um grande aglomerado interpretativo e decodificador que, rapidamente, adicionamos aos objetos, terminam por nos ajudar ou prejudicar em nossa comunicação com os outros. O fato é que, geralmente, os objetos aos quais nos referimos em aberto, são rotineiros, comuns. Mas não semelhantes. A diferença entre eles existe, pois construímos de forma diferente a nossa estrutura emocional. Este é um dos fatores que nos torna único perante os outros. Então, terminando sendo nossas interfaces portadoras de uma melhor comunicação sobre o que somos. São capazes de nos diferenciar das pessoas em segundos. Exemplos: como são contraditórias nossas sensações e lembranças e do primeiro beijo, transa, passeio no parque, filme ou teatro. Podemos pensar também em nossos “ursinhos” de pelúcia, com quem dormimos até hoje, na blusa preferida e no pedaço de papel escrito. A casa em que nascemos ou a música mais especial que nos lembra aquele momento “x” com aquela pessoa “y”. Somos capazes de pensar e definir esses objetos com velocidade, sem falar na capacidade de se transportar para eles com exuberância e detalhes. Essas são nossas interfaces. Nosso piso firme, nosso eterno regar.
O problema que pode nos ocorrer e nos ocorre está relacionado ao choque entre duas interfaces. A partir do momento que o objeto se torna uma interface ele passar a ter sua própria poética e beleza. Adquire sua memória, atrelada a sua história. Ou seja, duas pessoas que vivenciam certa situação vinculada ao mesmo objeto vão produzir interfaces diferentes sobre o mesmo. Neste momento, o choque entre elas pode ocorrer. Premeditando isso, as duas personagens envolvidas passam pelo período de medo e frustração para com suas próprias interfaces. É o medo de ter sentido além do que, de fato, ocorreu. Faz parte deste momento a sensação de dúvida e o eterno questionar. Uma interface pode tanto juntar uma ou mais pessoas como separa-las para sempre. Ter lembranças antagônicas é natural. Mas se o é, por que continuamos a desejar que todos sintam, pensem, relembrem e desejem como fazemos? Por que não aceitamos com facilidade a diferença de valor atribuída às coisas? Por que precisamos que nossa interface prevaleça? Eu não sei a resposta para essas perguntas, pois também me comporta desta forma.
Este escrito não tem a pretensão de ser esclarecedor nem de criar uma teoria. Tem como objetivo principal descrever meus pensamentos, tentando amenizar minhas torturas. São muitas as minhas interfaces e, muitas vezes, me vejo como também vejo outras pessoas, sem saber como agir sem defendê-las. Nossa memória nos faz assim. Nossa memória tem trilha sonora, cheiro de chuva ou pão quentinho, se preferir. Agora, nosso pão não é igual nem muito menos nosso gosto musical.
As interfaces tornam os objetos únicos e de extremo valor. Fazem do sujeito um incompreendido, pois ao mesmo tempo em que nos ajudam a expressar o que sentimos nos afastam de que não o sente. Terminam sendo mais um agrupador, um gerador de rótulos e clubes. As interfaces são como nossos irmãos que vieram de onde viemos, mas não vão seguir junto conosco. É o claro e o escuro.
Ninguém sabe nem nunca vai compreender o valor que cada um de meus livros tem para mim. Até hoje, não conheci ninguém que ouvisse a história da viagem que fiz de navio e, em certo momento dela, me julgasse sentimental demais. Não sei o que representa para minha família a quantidade papel que eu tenho guardado. Os inúmeros relógios quebrados, blusas rasgadas e agendas passadas. Não sei o que as pessoas pensam de alguém que ainda usa as roupas que comprou quando possuía dez anos a menos dos que tem hoje. Tenho uma almofada em formato cilíndrico que dorme comigo desde que eu me entendo por gente. Tenho uma estante repleta de bugigangas e uma coleção de carros que nunca dei valor. Mas se me tiram os carros, me tiram um pedaço interno, um fragmento de minha memória. Tenho fitinha do senhor do bom fim, máscara de carnaval, pedaço de toalha de bar, rolha de vinho e tampinha de refrigerante. Tenho um mundo dentro do meu mundo. Todas essas coisas poderiam ser jogadas fora, doadas e etc. Eu continuaria de pé. Com toda certeza, teria uma vida feliz. Mas eu não seria o mesmo. Nem as minhas interfaces.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Sorvete de Limão.

Não sei para quem escrever, mas invejo. Não sei para quem olhas e quem deseja. Mas invejo. Não sei para onde querem ir seus pés calçados ou nus. Mas invejo. Não sei se bebes demais ou pouco vinho. Mas invejo sua compania. Não sei como se veste, como se pinta e com quem andas pelas avenidas. Mas invejo. Invejo cada passou e suspiro seu. Invejo seu travesseiro, colcha, retalho, porta-retrato. Invejo. Invejo seu piso frio, suas portas, seu colchão pelo chão, seu computador, seus dilemas. Invejo não ser sua musa, seu sorvete favorito, sua blusa já conhecida pelo eterno badalar. Invejo não estar nos seus sonhos, nos seus passeios de menino, em seus balões de ar. Invejo não ter tantas asas para contigo poder voar. Ai, como invejo suas coca-colas, seu jeito balanciado de ser. Como detesto essa ironia que vem não sei de onde e contagia. Como odeio sua mesa de bar, seus amigos, seu altar, suas bermudas por lavar. Seus chocolates, vícios repentinos, interfaces. Suas palavras sempre sábias, seu jeito doce de olhar nos olhos e pedir atenção. Invejo até o seu amor de irmão. Sorvete de limão. Cansei. Beijoz.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O vício que nos move.

Em 3,5 anos: 20.987,5 cigarros.1.049,38 cartelas.2.749,38 reais queimados. 43,72 dias fumando. Mais de mil horas. Beijoz.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Me Pergunto.

Quanto tempo
tem este tempo
que não é meu
nem nosso
é só seu.
quanto?

*

saudade.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Anti amados Antes

Prometi a mim e também a alguns amigos que escreveria um manifesto contra o amor. Prometi que falaria dos maiores e melhores clichês do mundo que envolvem esta temática que também é um clichê para escritos modernos e vice. faz tudo parte do mesmo ciclo e dele não podemos sair. Prometi que iria falar sobre a angústia, sobre todo este nosso lado mulherzinha que nos guia o pensar quando estamos ou pretendemos amar. Mas do que nunca acredito que o amor é mesmo uma empresa e se os funcionários não vão bem, o lucro falta. Falta a fé na produção e desejo pelos detalhes. Prometi que falaria como nos consumimos por inteiro por ele, o tal ser humano a quem dedicamos horas a fio de nosso pensamento, quando o mesmo não liga, não responde uma mensagem, ou seja, pouco se manifesta. Prometi que falaria que não somos meninos de programa e por isso longe de profissionais do sexo. Prometi que justificaria nossa poesia em cima de nossos atos e que diria que não seguimos nenhum tipo de manual ou cartilha relacionados ao tipo de comportamento que se deve ter em primeiros encontros. Afinal, o que são os primeiros encontros quando, para mim, eles só ocorrem, de verdade, porque já nos encontramos muitas vezes. Já pensei em nossos odores, dores e flores. em nossos lagos riscados, em nossa neve, em nosso bem querer querido. já pensei fronha, edredom, travesseiro, mesinha. já pensei roupa lavada, cueca pendurada, sabonete, pasta, água e sal. já pensei tv a cabo, internet, protetor de tela e protetor solar. já pensei ruas e avenidas, esquinas e sinais fechado. já pensei carro charrete avião. todos, todos os meios de locomoção. já pensei cliclete, apartamento, bolha de sabão. já pensei trigo, fumaça, elevador e pão. já pensei em sofá na sala, estar, jantar, usar, vestir, sair. já pensei tanto, quanto, onde, como e quando. já pensei no segundo, terceiro e quarto. já pensei pelúcia, sabão e chocolate. já pensei gato, sapato, sapatão. já pensei gay, porra, boquete, azulejo. já pensei registro, certidão de posse e algidão. já pensei bodas, trocado, laço e serpentina. já pensei buenos, ny e barcelona. já pensei jornal, feliz papai noel e bom dia. de tudo um pouco já pensei. Prometi que não pensaria mais em nada. Eu menti. Onde fica a poesia, o imediatismo o desejar? onde ficam as mulheres e homens que amam demais? Onde ficam os primeiros encontros se não na vontade de se ter outros. Onde ficam seus pés que só querem repetir um trajeto, um caminho, uma subida. onde fica nossa cara de pau, nosso eterno ligar e insistir? onde fica nossa vergonha em não ser correspondido, trocando elogios com um estranho. meu deus, pra onde vai nosso gozo depois do ralo? banho. onde se esconde nossa poesia, nossas palavras lentas, nosso doce e delicado lábio? para onde vão nossos filhos, nossos quadros e tecidos? onde camuflam nosso ninho, nossa maloca, nossa flexibilidade? tudo some. Dá um branco, a gente cega feito pinto no lixo. A gente não para pra pensar, pois só pensa naquilo. Então pra onde vai nosso sexo, nossa região genital, nosso pêlo enrolado, nossa catedral? então para onde levaram nossos anões, nossas folhas de papel e canetinhas coloridas. para onde levam nossa poesia que no primeiro paralelepípedo ela tropeça e cai. a garganta tranca, nossa voz engasga e a gente mente ter ligado por ligar. que mintira que lorota boa. aonde você está? como não veio me ver? como não me deu um abraço imenso? como não sentiu minha falta. é que ficamos assim: Grandes. cheios da gente e de nossas pressas. ficamos assim, sem paciência, saudosos, bolando compromissos, procurando nemo. Ficamos enormes, tão grandes que não conseguimos ver o outro lado. Eu prometi que escreveria um manifesto, mas é desta forma que ele se dá. assim sem seguidores, sem camaradas, amigos de bar. eu prometi, mas falhei. a gente fica assim também, ou seja, apredendo a lidar com o erro e com a vontadade. trans. insana. imatura. louca do edi. transparente. então para onde foram os românticos a moda antiga, as cartas e assinaturas. para onde foram nossas fotos, nomes e telefones. eu não sei mais se amo ou se tenho o desejo de amar. prometi que o manifesto seria uma bíblia, algo ou alguém para sempre consultar. não dá. pelo menos não agora. Com o manifesto a gente doutrina, fecha, enlata e para. é preciso viver montanha russa e é para isso que escrevo. escrevo para deixar passar, escrevo para escorrer para me ler e ver. escrevo assim feito espelho reproduzindo também as incertezas, inseguranças e receios. escrevo sem receita de bolo, rabana ou croquete. escrevo feito boquete: vai e volta sem combinar, sem tempo estabelecido com o livre uso para o recurso da repetição. escrevo feito movimento, passeata, assim aglutinado, pouco espaço. escrevo para em encontrar. pra ver se acho em minhas palavras algum tipo de sinceridade. pra ver se encontro nelas meus olhos, minha boca, nariz e gastrite. escrevo sobre o amor para não querer pensar nem falar mais nele. escrevo sobre para matar, cometer sucídio, perdoar. escrevo para aliavar a sede de tuas entranhas. escrevo como pedido. como salmo. escrevo oratório, saia de renda, lavadeira do rio. escrevo nas linhas para ficar com as entre. escrevo para calçar meus sapatos e tomar o santo remédio. escrevo antes de dormir, fugindo do tédio. escrevo sonhando e sonho sorvete. escrevo duas bolas, cobertura, caramelo. eu prometi que não ia defender o amor, mas é nele que me defendo. prometo agora não prometer mais. prometo para ver se sem prazo encontro alguma data. sem mapa, uma casa. sem destino, uma história. casamento. nossos filhos, nossos gatos, nosso lar. escrevo, pois, acima de tudo, o manifesto é por amar. por querer. por gostar.