terça-feira, 17 de novembro de 2009
Da ordem do inevitável:
E enquanto você me deslia: meu cabelo secou. minha grana acabou. o gato pulou. o cigarro apagou. o copo derramou. o celular tocou. a vista embaçou e o corpo pediu. o sangue estancou. o livro fechou. a cama desarrumou. a tv pifou e o corpo pediu. o microondas escangalhou. passou pela porta, tropeçou. no tapete, derrapou. na sala, gritou e o corpo pediu. a maquiagem borrou. o computador travou. nas horas, congelou. minha fonte esgotou e o corpo pediu. o vestido rasgou. o armário entortou. no espelho, lançou. comprimidos tomou e o corpo pediu. o ipod ligou. ao som se dançou. pelo chão, desfilou. a coluna esticou e o corpo pediu. na cozinha, preparou. com a boca, abocanhou. com os dentes, estraçalhou. com o organismo, empacotou e o corpo pediu. no chuveiro rolou. na água quente, cantou. com a toalha, encenou e o corpo pediu. no corredor, amarrou. o cabelo, pintou. a roupa, desamarrotou e o corpo pediu. com a família, sonhou. por seus santos, rezou. pelos amigos suplicou e o corpo pediu. na rua, apanhou. o joelho, machucou. o rosto transformou e o corpo pediu. o carro comprou. pelo telefone, avisou. em sua nova casa, buscou e o corpo pediu. no engarrafamento, trepou. camisinha estourou. retrovisor se danou e o corpo pediu. o homem, pegou. a mulher, desdenhou. o sexo latejou e o corpo pediu. casaca virou. para os outros, gritou. sua voz aumentou e o corpo pediu. na avenida, parou. diziam todos, pirou. burburinho findou. nu, chorou. a chance acabou. amar, sabe que amou. o corpo pediu.
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