quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O máximo de sinceridade e o Mínimo de resposta.

Ele entra. Munido de uma mochila, uma cadeira preta e uma lata de coca cola vazia caminha em direção ao centro do espaço. Posiciona a cadeira de frente para as pessoas que o assistem. Coloca a lata de coca cola embaixo da cadeira, exatamente no centro. Ainda resta na lata um canudo um pouco mordido em sua ponta. Tira a mochila das costas. Coloca a mochila nas costas da cadeira. Tira os sapatos e os colaca em frente a cadeira. Inicia um movimento contínuo de tirar todos os objetos de dentro da mocilha, posicionando-os perto da cadeira, em relação com ela, como se ali ele mesmo residisse, como se naquele momento, naquela cadeira ele estivesse sentado. Então são as apostilas, o livro e a caneta em cima da cadeira, ao lado o estojo e o cigarro, na frente dos sapatos em fila reta ficam: a carteira, o celular, as chaves, o hidratante labial, o creme para a tatuagem, uma foto, um remédio para azia e só. Em cima das apostilas, da caneta e do livro, apoiada nas costas da cadeira, uma foto que tem seu rosto com uma expressão de estranha tranquilidade e beleza. Em cima da foto, apoiado nas tiras das costas da cadeira, um óculos escuro. Ascende um cigarro e fica observando o outro, ali formado por seus próprios objetos. É outro dele e mais um dele mesmo. Inicia outro movimento contínuo de cantar uma série de músicas com o objetivo de agradar seu novo ele. Seu outro ele. Depois de muitas tentativas frustradas, lembra-se da música que, a muito tempo, disse com tamanha certeza de que seria a música de seu casamento. Pois não. Canta a música. Em um agrado pequeno, parece que o ser cadeira responde. Então ele começar a retirar os objetos e guardá-los na mochila. Da mesma forma que entrou, sai. Percebe que esquece a lata de coca cola quando, sem querer e ver, esbarra com os pés nela. A lata rola. Deixa os objetos longe do lugar onde apresentou sua composição. Volta, pega a lata de coca cola e sai.

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