domingo, 22 de março de 2009

Por

Repeti algumas vezes que sou maior do que este tipo de situação. Conclui que não preciso descer ao nível de outras pessoas para me fazer compreender. Controlei minhas atitudes, não disse nada. Segui em frente como quem controla um carro por uma estrada já conhecida. Ou seja, com toda a calma do mundo, mas também com a fúria e a vontade de chegar o mais rápido possível ao ponto desejado. Fiz de mim curva, contornei a situação para que me sentisse melhor. Nada. Afirmo que não valeu a pena. Pois o que eu queria mesmo era gritar ali, na frente de todo mundo para que todo o mundo pudesse ouvir. Queria dizer que considero este tipo de coisa um absurdo. Que é preciso ter respeito pelas pessoas e saber que nem todas são feitas de ferro. Eu queria subir na cadeira e dizer que me senti traido, que vi os sinais de minha estrada piscarem vermelho e mesmo assim você continuou. Mas não. O ser humano é orgulhoso e, como ele, eu fui também. Brasileira disse que precisamos depositar menos confiança nas pessoas que pouco conhecemos. Eu não sei fazer isso. Como também não sei me passar por forte quando não sou. Não me ensinaram nem nunca procurei aprender também. Por que precisamos sempre manter a postura? Santinha. Eu sou fraco. Pensei sobre o que eu vi ocorrer várias vezes e ainda continuo pensando. Santinha. O melhor é saber que foi uma dupla traição. Os meus chifres são sentimentais, pois não havia nem nunca há de existir algum tipo de relação entre nós que pudesse ter um nome. Ou qualquer tipo de rótulo e afins. Eu fui traido por mim. por me fazer tão crente, amigo e querido. por me fazer pau-para-toda-obra. por me fazer anfitrião, boasvindas, sinta-se em casa. por me fazer campo fértil, balão de festa, algodão doce. por me fazer desejável quando, na verdade, minha alegria e prazer são de montanha-russa. velozes. por me fazer palhaço de meu próprio circo sem platéia. por me fazer planta, avenca, queimada pelo sol e pisada pelas crianças que teimam em brincar no jardim. por me fazer espelho de minha mãe, peso de papel familiar e blusa que falta um botão. sempre. por me fazer carinho e namorar. por me fazer crer que as coisas um dia podem ser melhores do que são hoje. por me violentar, me prender caminhão rua sem saída. A dentista me disse que eu preciso comer mais frutas, melhorar a minha alimentação, cuidar mais da minha saúde. É engraçado, mas ouvindo tudo isso parece que só eu preciso melhorar. Tenha dó. por me fazer ladrão de seu sorriso.

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