sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Te quero verde.

Tendo terminado de fumar o último cigarro do dia fui tomar banho. Na cabeça todos os pensamentos me levavam a você. A Edith colocou tudo verde hoje na arrumação do banheiro. Toalha de chão, corpo e rosto. Todas essas verdinhas. Cada uma em sua tonalidade particular. A de corpo parece ser nova. Aquele tipo de toalha que ainda não foi lavada e, por isso, não seca direito, não atinge o resultado esperado. Aqui, no Rio de Janeiro, estamos vivendo assim: banhando-se pelas madrugadas com o objetivo de afastar o calor. Tem feito tanto que é ímpossivel não transpirar. Tudo parece suado. O verde do banheiro trouxe uma atmosfera nova para meus pensamentos. Vai ver que sou completamente manipulável, e devo ser, que o simples fato da cor verde significar, não sei aonde, esperança isto tenha mudado meus pensamentos. Deixei o banheiro um pouco mais leve do que entrei. Mas comofás? Querer te ver assim tão depressa. Não ter paciência por este eterno esperar. Comofás não te conhecer nem um pouco, mas já ter a absoluta certeza das coisas que gostaríamos de fazer juntos. É preciso fazer a cabeça parar de pensar, mas isso é impossível. Tentar ficar tranquilo. Respirar. Eu tenho saudade do que não vive, já disse. Comofás reagir aos nossos encontros que são sempre beijos e mais deles. Comofás meu corpo tremer, minhas entranhas pedirem as suas, meu pescoço nossa gravata. Comofás atribuir a um objeto um pronome possessivo no plural se ainda não somos mais de um. Se ainda estou sozinho a pensar em nós dois. Se ainda para esta dupla ficar completa falta você. Eu me cansei do ato de conquistar. O flerte pouco me encanta mais e pela paixão pouco torço. Tenho a necessidade de construir. conhecer. ter. para depois apaixonar. Quero aprender com o tempo, respeitar. Eu não sei a razão e acho que nem você saberia explicar. Mas é que quando seus olhos fitam os meus e você me diz que gosta... As coisas mudam de lugar entende? Eu prometi que não ia escrever para você, mas acho que não consigo. Eu queria falar só sobre você, sabe? Sem a necessidade que um dia você lesse tudo o que aqui está escrito e me respondesse o que pergunto, o que procuro. Cortázar me disse hoje: " Não pense que o telefone vai lhe dar os números que procura. Por que haveria de dá-los?". Por que? Porque precisamos deles. Preciso. Não sei por onde procurar. Na verdade parece que os números já tenho, mas os meus dedos. Eles não discam, não descansam, não me deixam dormir. Os meus dedos me coçam a noite inteira, reclamando a falta dos seus. Mas na hora de agir eu fico sozinho. No momento certo não são eles que me defendem, não cobrem meu rosto de vergonha. São as minhas maçãs que coram, meu pêlo que se arrepia, minhas pernas que bambam só em lhe ver. Não consigo lembrar do seu cheiro. As roupas da sua casa são lavadas com muito sabão em pó. Deste cheiro eu me lembro. Sorrio. É que soa engraçado, sabe? Ter um homem que cheira a sabão em pó. Ri. Lembrar disso me diverte e me sinto um pouco mais seguro. A semana que vem vai ser agitada e eu queria poder dividí-la com você. Bom, prometo a mim mesmo que vou entrar em contato. Também me prometo não insistir caso não queira, não possa ou, simplismente, não responda. Só não me prometo não chorar. Me permito chorar, beber, ler e fumar. São coisas minhas. Coisas que me permito.

Um comentário:

Anônimo disse...

esse seu você deveria ter orgulho de ser esse você.

ou não. acho que ter um você faz parte do pacote chorar, beber, ler e fumar. pelo menos pra mim.

te amo cada dia mais, amado. isso aqui é lindo. e é você.