quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Faz pouco se foi
Faz pouco você se foi e já tenho saudades. As coisas aqui com você parece que ficaram mais vivas. Nunca fui bom em despedidas. Mas também não quero me acostumar com a idéia de que todos um dia tenham de partir embora venha tentando me relacionar melhor com ela. Sem você as coisas estão um pouco desertas, perderam o ar de brincadeira e viraram coisa séria. Quando por aqui estava, também tirei férias mesmo sendo você quem viajava. Prourei não pensar em meus problemas, na razão das gelatinas e no porquê dos humanos. Talvez, seja por isso também que sua partida me machuque tanto. É que ela, além de tirar-lhe de mim, traz consigo um bilhete não-premiado, diga-se de passagem, de volta para a realidade. Nunca fui desses de fugir dos obstáculos e nem pretendo me tornar um. Mas não posso deixar de dizer que esta rotina inventada, planejada com detalhes e carinho é capaz de fazer qualquer um perder a cabeça e rasgar os papéis que insistem em permanecer e cima da mesa. Não quero mais assinar documento. Pelo menos por enquanto. Agora quero cuidar do corpo. Uma avenca precisa estar bem nutrida para que não perca, como de costume, a atenção alheia para a samambaia ou então para o girassol. São tantas plantas a crescer nesta casa, que eu nem mesmo sei mais onde arranjar espaço para tanto vaso. Fora aqueles que, uma vez ou outra, ganha-se de brinde (lembrancinha - eu odeio essa palavra) em festas, eventos, lugares onde julga-se chic cumprir este tipo de ritual. É madrugada e você, provavelmente, já deve estar durmindo. Essa é a primeira noite que não lhe cubro. Queria verificar se lavou as mãos, tirou as coisas do bolso e não esqueceu nada na rua. Queria ver ser peito nu, seu sorriso tímido e os olhos que vão se fechando devagarzinho quando o sono vem. Faz pouco você se foi e eu não fiquei muito mais de uma hora sem pensar em você. Quase liguei para o quarto de mantas viajdas avisando que, mais uma vez, recebiram visita. Mas não, foi apenas uma confusão da minha cabeça. Peço paciência. Ora! avencas não podem ser sempre espetaculares. Estou sem sono. Queria que estivesse aqui para olhar o seu rosto e perguntrar-lhe inqueito: já está durmindo? e você iria dizer que não sempre na tentativa de ficar pelo menos mais um pouquinho em minha compania... Corte as unhas. Esses prazeres foram meus e de mais ninguém. Preciso de um rádio novo, livros novos com cheirinho de novos, principalmente. Preciso me matricular na academia, comprar um tênis pois não se pode malhar de all star e também retocar a tatuagem. Preciso aprender a viver sem você, mas isso eu faço rápido se acredito na idéia de que cumpre suas promessas e refaz este caminhos. É Neguinho...
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