quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Ele.

Ele só queria que alguém o estivesse esperando em algum lugar do mundo. Não precisava ser perto e nem muito menos fácil de chegar. Ele só precisava saber que, em algum lugarzinho, alguém abria a janela todas as noites tentando com a ajuda da brisa sentir seu perfume. Que recitava versos e continua. Que muitas vezes já não só pensou na música do casamento dos dois, mas também na festa inteira, incluindo as vestes dos convidados mais importantes. Que alugou filmes pensando em rever ao seu lado. Que comprou a coleção inteira de um livro sobre gastronomia e a sua distração anual foi desbobrir qual seria o prato preferido do casal. Que experimentou camas, analisando colchão por colchão. Que já comprou os potes de tinta, mas não implicaria que com a chegada do novo hóspede as cores fossem trocadas, conversadas. Que já preparou o jardim e sabe das necessidades do mesmo. Que já pensou aonde levar Alegria para brincar e com quem ela ficaria durante o horário de trabalho da família. Que já montou a sala de jantar em estilo agradável pronto para receber visitas. Que colocou na casa vigilância vinte e quatro horas. Que não só pensou nos dois, mas também nos amigos e por isso fez mais quartos que o necessário. Que estipulou o salário dos empregados e entrou em acordo, mesmo sozinho, que uma empregada seria suficiente. Que já fez de tudo, tendo até já escolhido a roupa que usará no dia da chegada. Mas ele esqueceu de avisar: aonde está, aonde é esta casa, como se chama e como fazer para encontrá-lo o mais rápido possível. Ele se alojou nos sonhos e volta e meia aparece para me perturbar. Cada vez parece ter uma tatuagem nova, sabe cantarolar uma nova canção, mas não perde a oportunidade de me galantear com antigos sambas de roda. Ele vem quando estou desarmado, pois parece que sempre sabe como me levar as lágrimas. Ele diz para eu não me preocupar, me apaixonar por outro que ele vai estar lá, sempre, me esperando. Ele diz que eu não deixe de viver, não deixe as oportunidades passar. Mas o que não compreende é que ele seria a melhor oportunidade. O que não compreende é que sem ele meus clichês não tem graça. Que não quero dividir o travesseiro com mais ninguém. Que ao lado dele eu quero ser cafona e dividir o macarrão feito a dama e o vagabundo. Que ao lado dele eu quero usar uma daquelas blusas com declarações de amor. Que ao lado dele eu sairiria fantasiado todos os dias na rua mesmo sem estarmos no carnaval. Ele pede para que eu siga, mas estagnou. Parece, ás vezes, que me diz que preciso crescer, viver um pouco mais para poder viver mais ao seu lado. De certo, não sei quem está mais certo nisso tudo. Se soubesse como encontrá-lo já o teria feito, pois nunca fui um ser humano que soube esperar. Mas como não posso faze-lo, prefiro confiar nele e continuar seguindo, esperando o dia em que me escreverá seu endereço e telefone em uma bola de futebol americano, que acertará minha cabeça quando estiver passeando na praia. Eu quero tombar de amor.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

ATA-ME

Tenho 23 anos e 50.ooo pesos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Partículas de vocês.

Ver você me renova o dia. Lembrar-me de como é atrapalhado e do jeito todo que se complica para explicar as coisas. Gosto de rejuvenescer com você. Saber o que anda lendo... Meu Deus! e como lê este menino! Estar ao seu lado, saber dos seus planos só faz aumentar a minha crença de que sim, podemos e devemos ter um mundo melhor. Pelo menos fazer o que está ao nosso alcance para melhorar as coisas, pelo menos em nossas áreas de atuação. Gosto da sua esquisitice, do seu jeito tosco de se vestir, da maneira ousada que corta os cabelos e não se preocupa com eles. Gosto da sua aparência como um todo mesmo ela sendo um... Pouquinho cafona demais? Pode ser. É como costumo dizer, quanto mais tempo passa, mais feio você fica e mais belo te vejo. Eu não sei o que ocorre, mas sei que não é paixão. Acho que as coisas andam meio perdidas entre os limites do amor e da admiração. A coisa assim é mais fácil, quando não é avassaladora. Bom, pelo menos para mim. E como esta situação ainda n se trasformou em um diálogo, julgo-a produtiva. Ver você é lembrar da minha adolescência, das dificuldades que passei e sei que ainda vai passar. Ver você é compreender dar mais atenção aos amigos do que ao namorado. Ver você é pregar peças, passear no parque, sentar na Urca, olhando os onze meninos correrem atrás de uma única bola. Ver você é me divertir. É quase não me aguentar de tesão em ver que és fisicamente preparado. Ver você é falar sobre maconha, sexo com amigos, descobertas. Ver você é discutir teatro, saber dos novos autores e suas grandes madrugadas virtuais. Ver você é, sei lá, querer correr na chuva gritando barbaridades em espanhol mal falado. Ver você é brincar sempre de improvisação, preenchendo, é claro, o espaço. Ver você é saber das suas preocupações com o cabelo,reclamar que a chapinha, que já classifiquei desnecessária, pode desaparecer se pegarmos chuva ou umidade demais. Ver você é ouvir "tipo" demais em diferentes tipos de tipos. Ver você é, quase sempre, ver a moda também. Ver você é ver sua cueca e analisar as marcas que usa. Ver você é admirar seu guarda-chuva grande e preto. Ver você é relembrar de obrigações com a faculdade. Ver você é querer ser mais ativo e dar o meu melhor. Ver você, ás vezes ,é querer receber um elogio. Ver você é criticar os outros e rir do exagero mal representado. Ver você é compreender a sua impaciência com a literatura e os seus ataques de burrice. Ver você é ver dois, é ver tantas coisas outras, que seria mais fácil se você fosse um só. Apenas um.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A 3

Eles fazem planos para futuros amores, quer dizer, para futuros corpos. Eles comparam experiências sem minimamente saber o que elas significam para seus respectivos donos. Falam de desejo, sexo, gozo, a dois, a três, a quatro e, na maioria das vezes, esquessem- se que atrelado a todas essas regiões do prazer também estão os sentimentos. Mas eles são grandes, super-heróis do falo e sabem lidar muito bem com este tipo de situação. Até certo ponto. Tudo na vida é até um certo ponto. Naquele ponto onde é o seu que balança. Onde você se abre a uma possibilidade de perda. Porque ali, na sua cama, em uma noite de amor, outro amor pode estar sendo iniciado, desejado e ,ousaria dizer até, mais vivido que o seu. É por essas outras que prefiro me guardar e dar a minha opinião quando solicitada. Fora isso, o que eu tenho para lhe dizer, querida samambaia, é que eles não te amaram. Acho que, em alguns momentos, puderam até sentir muito carinho e afeto por ti. Mas amor? Eu não posso desperdiçar a gramática como muitos por aí o fazem. Só eu sei.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Frase de efeito.

Eu não quero alguém que me vista e sim que me dispa!

saudade.
ciúme.
vontade.
amizade.
amor.
calor.
chuva.
carinho.
sorvete.
baralho.
tv.
cigarro.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Eles dois.

Ele me disse que isso tudo na verdade pode ser só bloqueio meu. Como se eu estivesse vivendo em um mundo onde minhas escolhas se restringissem ao "o não viver". Como se todas as barreiras ,que tanto reclamo, fossem inconscientemente forjadas pela minha própria pessoa. Descordo. Pois também como haveria de concordar? quando de todas as partes, sempre, sou quem formula menos obstáculos. Quer saber de uma coisa? Cansei. A gente as vezes precisa cansar, parar de tentar mostrar algo de valioso ou, quem sabe, produtivo aos outros. Hoje ele sorriu para mim... Passei o tempo do trajeto do onibus inteiro conversando com ele. Falei das cores da praia, contei que hoje pela manha, bem cedinho, o céu se abriu em um arco-íris lindíssimo, falei dos restaurantes, do novo botequim que inaugura essa semana... só não tive tempo de falar das meninas. Este trajeto que faço no dia de hoje não é dos maiotes. Aliás, ele é curtíssimo. O meu nível de conversa que é acelerado. Provavelmente ele não deve ter entendido nada, como não entendeu também tantas outras vezes quando lhe dizia coisas simples. A simplicidade as vezes engana. Uma sábia criança, soube por história, após algum tempo de explicação da tia, a ela, sobre o que é importância, concluiu: importância é um copo dágua. Não é divino? Só porque a tia, ingenuamente, havia usado o copo como um exemplo de fácil acesso para a criança compreender,mas elas enxergam além. E parece que nisso a tia não estava ligada. Hoje me disseram que choveu pela manha... Eu não sei. Durmia. Sei que não fiz nada do que ainda preciso fazer. A vontade é de tomar um chá. Queria uma mesa bem arrumada,coberta com uma toalha marfim repleta de bordado nas pontas. Um jogo de bules e etc. todo branquinho, mas com respingos de tinta, para dar um colorido na mesa. As comidas poderiam ser das mais diversas. Quando se tem um chá como esse, acredito eu, o que se ingere torna-se menos importante em razão de todas as outras coisas que se fazem presente. Para a criança, por exemplo, o chá se tornaria importante se todos tomássemos um copo dágua, antes ou depois da refeição. Tenho certeza de que ela não se importaria com a ordem. Ordem... este lugarejo que habito é só desordem. E dentro de mim... acho que não vou falar sobre os líquidos que circulam dentro de uma avenca. É, fiquei sabendo: quem se mete com o amor, saudade sente.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Amar.Te no carro.

Amar
Te em pedaços
Amar
Cada inho seu
Amar
Te sem arrependimento

Para que no café,
você me beije.
No almoço,
me coma.
No jantar,
amar.

Te empazinar

Faz pouco se foi

Faz pouco você se foi e já tenho saudades. As coisas aqui com você parece que ficaram mais vivas. Nunca fui bom em despedidas. Mas também não quero me acostumar com a idéia de que todos um dia tenham de partir embora venha tentando me relacionar melhor com ela. Sem você as coisas estão um pouco desertas, perderam o ar de brincadeira e viraram coisa séria. Quando por aqui estava, também tirei férias mesmo sendo você quem viajava. Prourei não pensar em meus problemas, na razão das gelatinas e no porquê dos humanos. Talvez, seja por isso também que sua partida me machuque tanto. É que ela, além de tirar-lhe de mim, traz consigo um bilhete não-premiado, diga-se de passagem, de volta para a realidade. Nunca fui desses de fugir dos obstáculos e nem pretendo me tornar um. Mas não posso deixar de dizer que esta rotina inventada, planejada com detalhes e carinho é capaz de fazer qualquer um perder a cabeça e rasgar os papéis que insistem em permanecer e cima da mesa. Não quero mais assinar documento. Pelo menos por enquanto. Agora quero cuidar do corpo. Uma avenca precisa estar bem nutrida para que não perca, como de costume, a atenção alheia para a samambaia ou então para o girassol. São tantas plantas a crescer nesta casa, que eu nem mesmo sei mais onde arranjar espaço para tanto vaso. Fora aqueles que, uma vez ou outra, ganha-se de brinde (lembrancinha - eu odeio essa palavra) em festas, eventos, lugares onde julga-se chic cumprir este tipo de ritual. É madrugada e você, provavelmente, já deve estar durmindo. Essa é a primeira noite que não lhe cubro. Queria verificar se lavou as mãos, tirou as coisas do bolso e não esqueceu nada na rua. Queria ver ser peito nu, seu sorriso tímido e os olhos que vão se fechando devagarzinho quando o sono vem. Faz pouco você se foi e eu não fiquei muito mais de uma hora sem pensar em você. Quase liguei para o quarto de mantas viajdas avisando que, mais uma vez, recebiram visita. Mas não, foi apenas uma confusão da minha cabeça. Peço paciência. Ora! avencas não podem ser sempre espetaculares. Estou sem sono. Queria que estivesse aqui para olhar o seu rosto e perguntrar-lhe inqueito: já está durmindo? e você iria dizer que não sempre na tentativa de ficar pelo menos mais um pouquinho em minha compania... Corte as unhas. Esses prazeres foram meus e de mais ninguém. Preciso de um rádio novo, livros novos com cheirinho de novos, principalmente. Preciso me matricular na academia, comprar um tênis pois não se pode malhar de all star e também retocar a tatuagem. Preciso aprender a viver sem você, mas isso eu faço rápido se acredito na idéia de que cumpre suas promessas e refaz este caminhos. É Neguinho...