quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Salão.

agora sou e ela. ela me pega pela cabeça, coloca a coleira e me leva para passear.

depois somos eu e eles tentando alcançar o corpo de um homem ideal.

depois são elas tentando alçancar o corpo de uma mulher ideal.

agora é o pianista embalando o salão com uma música estranha.

são metros e metros de fio de pérolas. todos querem.

ele estoura uma garrafa de champagne.

agora são dois se exibindo no bambolê. aplausos.

agora sou eu quem embala o salão tocando taças.

são sete os pedidos de reconstrução do nariz para hoje.

agora sou eu de braços dados com ela. queremos comer uma pizza, mas optamos pela rolha.

são eles todos sentados. levantam-se ao mesmo tempo. caminha e param. são constatações do tempo.

ela carrega um buquê de flores, mas não sabe para quem. desisite e o despeja no chão.

agora sou eu e ele que nos abraçamos e nos beijamos.

o garçom oferece mais bebida.

a noite parece acabar até que o homem do terno azul descreve como conseguiu enriquecer passando por cima de todas as pessoas que, um dia, acreditaram nele. essas pessoas somos nós.

agora são todos se tocando, tentando perceber no corpo as falhas.

agora é ela que dança ao som de uma música até então impossível de se dançar.

são as memórias de um elefante e sua gravata borboleta.

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