terça-feira, 31 de maio de 2011

Ele segurava o meu braço na tentiva de não me deixar ir. Mas era ele quem se dissolvia perante os meus olhos.

Eu queria poder seguir com você, seguir adiante, sabe? Continuar, descobrir, desvendar... Do depois do depois a gente é quem sabe, entende? Parece que não. Eu queria poder saber dizer as palavras certas e também desenhar as sensações corrteas, mas parece que você não percebe, não quer perceber ou acredita ser melhor que as coisas continuem assim, desta forma. Desde que nos conhecemos fazemos páctos silenciosos, olhares que firmam contratos dos mais duradouros que já tive. É uma empresa que sabemos manter, fazer circular, somos criador e criatura desses estados, dessas personas e singularidades que nos cercam e nos fazem sermos isso que não sabemos ainda definir. Um para o outro. O outro para este mesmo um. Quando retornas o meu discurso, quando pensei que falava e sentia alto sozinho, sinto-me frágil, preso, não sei onde colocar as mãos e nem em que velocidade balançar os braços, as pernas. Me curvo ao seu tempo repleto de dúvidas e questionamentos e assim sigo... Sigo por mais esta nebulosa que teimamos em colocar no nosso caminho. Quando digo que compreendo, falo a verdade. É fato. Mas só não posso sentir como você. Não tenho medo do que está por vir...não posso ter. Aprendi a trabalhar e ser um homem da ação. Passo dias cansativos no trabalho pregando este devir-fluxo e não carregá-lo para a minha vida seria uma grande ironia. Será que, por este ponto de vista, você me entende? "Eu esperava de você apenas coisas assim... Mas nunca em nenhum momento essa coisa enorme...". Entende? É casa criada e dentro de mim se espaço, percurso, copo cheio de vibrações. No auge de sua vulnerabilidade, negar foi para mim e, acredito, que para você também a nossa maior vitória. Precisamos estar conscientes, de olhos abertos, com a escuta atenta e o olhar preparado. Nada entre nós é ficção. É tudo verdade e os questionamentos sobre esses limites do discurso podemos continuar destinando para a sala de ensaio, onde o encontro é certo, marcado, dejado e querido. São só palavras, não se engane. São tentativas minhas de me redescobrir depois deste retorno, deste novo encarar de olhos e boca que, em algum lugar, eu já havia me forçado a calar. Não sei, de fato, não sei sobre o que é e nem como será. Só sei que, depois do depois, a gente é quem sabe. Como fizemos hoje, vivendo o agora.

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