segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

06:05 da manhã.

É bastante estranho saber que você está, ao mesmo tempo, perto e longe de mim. Sei exatamente que faz pouco tempo que nos conhecemos, mas já começo a pensar em você em relação as coisas. Ouvir carinhos seus já fazem parte de minha rotina e é disso que tenho medo. Faz tempo que venho tentando tomar uma decisão, mas não consigo. Talvez porque ela esteja envolvida com o que existe de mais puro em minha essência: conhecer pessoas. Faz tempo também que o processo de montagem da minha última peça se findou, mas parece que, só agora, ele está fazendo sentido para mim. Alguns dizem que é preciso passar pelas coisas e depois ver o que elas podem lhe trazer de bom, o famoso "tirar proveito das situações" mesmo que elas sejam ruins. Na verdade acho que nem posso chamar o que sinto agora de um proveito. É mesmo um sentindo que vem se infiltrando, cada vez mais, por debaixo do meu tapete. As linhas que aquela mulher escreveu e que depois cinco outras deram vida, volta e meia, me aparecem novamente. São os tais laços humanos. Dentro do processo tinha certeza do significado deles para a montagem, mas não para a minha vida. E, hoje, parece que tudo começa a fazer um pouco mais de sentido. Arrisco ser realmente impossível se bloquiar deles, dos laços. Nesse mundo em que hoje vivemos onde as possibilidades são cada vez maiores, para eles acontecerem, é preciso tomar cuidado. Mas que tipo de cuidado? É este o tipo de pergunta que venho me fazendo, mas sem sucesso no quisito encontrar uma resposta. Acho que ela está longe de vir. Talvez eu precise mesmo viver isso tudo e depois chegar a alguma conclusão.

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Sexta-feira tenho o último encontro com o homem que me ajudou a trazer um pouco mais de sentido para a vida. Não por vontade própria, mas pela decisão de outros que ainda não atingiram certo nível de sensibilidade e, friamente, não acreditam neste tipo de trabalho. É claro que consiguirei viver sem ele, mas assumo que sentirei muitas saudades. Saudades de planejar o que contar, de olhar para ele e, muitas vezes, me ver ou então ver alguém representante de pura inquietação. Saudade do seu jeito de me colocar na parede, me fazer pensar, questionar até a roupa que eu estou vestindo e na maior sinseridade possível dizer: " hoje você não se arrumou, aconteceu alguma coisa?" e perceber, na verdade, que esta pergunta era eu quem me fazia enquanto perdia meia hora em frente ao guarda-roupas decidindo o que vestir. As escolhas sempre foram claras e quando há a demora, nesse caso, é porque algo aconteceu, concluíamos. Agora vou precisar concluir sozinho, mas assumo que gostava de dividir com ele as dores e delícias de ser o que se é.

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