quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
ái de mim.
Se eu... Se eu me apaixonasse por você, eu viraria escravo desse nosso amor. Guardaria com, com todo cuidado, o maior do mundo, as estrelas que sonha em guardar e um dia entregar. Se eu me apaixonasse por você ia querer muitas noites de colorido. Corpos desenhados, rabiscados, riscados. Eu ia querer morar no apartamento, mas ter o quarto como local preferido. Ia deitar ao seu lado no chão e deixar você me fotografar até cansar. Ia passar horas no banho pensando em como e com o que poderia lhe ajudar a criar mais e melhor. Se eu me apaixonasse por você eu me mudaria agora. Levaria na lancheira poucas coisas além de sorrisos. Não ia me encomodar de ir a padaria todas as manhas nem de lavar a loça depois que você saisse atrasado. Ia ter um trabalho que me desse prazer onde eu ditasse as horas das reuniões, encontros e etc. Se eu me apaixonasse por você, talvez, eu até poderia pensar em trocar a marca da minha pasta de dentes.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
06:05 da manhã.
É bastante estranho saber que você está, ao mesmo tempo, perto e longe de mim. Sei exatamente que faz pouco tempo que nos conhecemos, mas já começo a pensar em você em relação as coisas. Ouvir carinhos seus já fazem parte de minha rotina e é disso que tenho medo. Faz tempo que venho tentando tomar uma decisão, mas não consigo. Talvez porque ela esteja envolvida com o que existe de mais puro em minha essência: conhecer pessoas. Faz tempo também que o processo de montagem da minha última peça se findou, mas parece que, só agora, ele está fazendo sentido para mim. Alguns dizem que é preciso passar pelas coisas e depois ver o que elas podem lhe trazer de bom, o famoso "tirar proveito das situações" mesmo que elas sejam ruins. Na verdade acho que nem posso chamar o que sinto agora de um proveito. É mesmo um sentindo que vem se infiltrando, cada vez mais, por debaixo do meu tapete. As linhas que aquela mulher escreveu e que depois cinco outras deram vida, volta e meia, me aparecem novamente. São os tais laços humanos. Dentro do processo tinha certeza do significado deles para a montagem, mas não para a minha vida. E, hoje, parece que tudo começa a fazer um pouco mais de sentido. Arrisco ser realmente impossível se bloquiar deles, dos laços. Nesse mundo em que hoje vivemos onde as possibilidades são cada vez maiores, para eles acontecerem, é preciso tomar cuidado. Mas que tipo de cuidado? É este o tipo de pergunta que venho me fazendo, mas sem sucesso no quisito encontrar uma resposta. Acho que ela está longe de vir. Talvez eu precise mesmo viver isso tudo e depois chegar a alguma conclusão.
***
Sexta-feira tenho o último encontro com o homem que me ajudou a trazer um pouco mais de sentido para a vida. Não por vontade própria, mas pela decisão de outros que ainda não atingiram certo nível de sensibilidade e, friamente, não acreditam neste tipo de trabalho. É claro que consiguirei viver sem ele, mas assumo que sentirei muitas saudades. Saudades de planejar o que contar, de olhar para ele e, muitas vezes, me ver ou então ver alguém representante de pura inquietação. Saudade do seu jeito de me colocar na parede, me fazer pensar, questionar até a roupa que eu estou vestindo e na maior sinseridade possível dizer: " hoje você não se arrumou, aconteceu alguma coisa?" e perceber, na verdade, que esta pergunta era eu quem me fazia enquanto perdia meia hora em frente ao guarda-roupas decidindo o que vestir. As escolhas sempre foram claras e quando há a demora, nesse caso, é porque algo aconteceu, concluíamos. Agora vou precisar concluir sozinho, mas assumo que gostava de dividir com ele as dores e delícias de ser o que se é.
***
Sexta-feira tenho o último encontro com o homem que me ajudou a trazer um pouco mais de sentido para a vida. Não por vontade própria, mas pela decisão de outros que ainda não atingiram certo nível de sensibilidade e, friamente, não acreditam neste tipo de trabalho. É claro que consiguirei viver sem ele, mas assumo que sentirei muitas saudades. Saudades de planejar o que contar, de olhar para ele e, muitas vezes, me ver ou então ver alguém representante de pura inquietação. Saudade do seu jeito de me colocar na parede, me fazer pensar, questionar até a roupa que eu estou vestindo e na maior sinseridade possível dizer: " hoje você não se arrumou, aconteceu alguma coisa?" e perceber, na verdade, que esta pergunta era eu quem me fazia enquanto perdia meia hora em frente ao guarda-roupas decidindo o que vestir. As escolhas sempre foram claras e quando há a demora, nesse caso, é porque algo aconteceu, concluíamos. Agora vou precisar concluir sozinho, mas assumo que gostava de dividir com ele as dores e delícias de ser o que se é.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
O tempo arte, arde.
Andei pensando muito nisso por estes dias. Pensando sobre o que faço, sobre o que pretendo ser quando crescer, sobre o que quero mostrar com a minha arte, mesmo sem saber, de fato, como esta se chama. Hoje, sei que estudo um teatro de origem clássicas onde se torna cada vez mais difícil enquadrar ou encontrar uma razão para sua existência. Hoje, sei que venho também trilhando um estudo sobre as artes visuais e que pouco aprendo. Aprendo a, mais uma vez, reafirmar meu pensamento que gira em torno não do que é produzido e sim na forma que este produto é vinculado. O contemporâneo. Onde é mesmo que ele se encontra? Para mim, hoje, este moço tão falado por todos do meio está em qualquer lugar, basta dizer que se inspirou em algum fulano do renascimento e trouxe para a atualidade o tipo de pesquisa que o mesmo desenvolvia. Basta fazer uma colagem ou até mesmo pintar um quadro com os seus próprios espermas e chamá-lo de origem da vida que estás sendo contemporâneo. Lá, naquela casa onde tudo é permitido, tento me enquadrar de alguma forma, achar um significado mais sério dentro das coisas que produzo, mas quase todo esforço vai em vão. Mais uma vez, eu que sempre fui bem provido de uma magnífica oratória, basta falar no máximo cinco minutos bem embromados que bosta vira ouro. Cansei. Na outra casa, onde também tudo é aceito, mas com um pouco de sigilo, consigo ser um cadinho mais eu. Talvez, porque com o teatro eu tenha mais experiência se comparado a uma folha em branco tendo ao lado um pote de nanquim a encarar-me. Eu não sei onde tudo isso vai chegar. Nunca fui de ter medo do que gosto e quero fazer... Acho que o que tenho são dúvidas. O caminho não é fácil Avenca querida. Teatro? Meu Deus, mas porque não direito. Mais uma vez repito, prefiro ser um artista não reconhecido e mal remunerado do que um engravatado desempregado. Neste ponto, a minha classe é superior. Talvez só neste, mas isso é assunto para outro dia. O artista nunca está desempregado, pois ele pode criar sozinho, em dupla ou em grupo. Sua matéria prima é a imaginação e o despertar da criatividade. Digo despertar porque o melhor de ter idéias boas é o momento que elas surgem e não elas em si. Cada momento desse que deve ser pesquisado, o porque daquilo, o porque do vento e do asfalto cinza. Idéias boas se não forem questionadas logo são corrompidas por seus próprios criadores. É sempre assim... Eu começo a escrever e me perco em minhas próprias idéias. É assim que a coisa funciona. A abstração. Queria tanto que as pessoas aprendessem que também é possível criar com a lógica. Vejam os matemáticos. Embora até hoje não entenda bulhufas do que eles fizeram e como chegaram lá, posso reconhecer que muito trouxeram ao mundo e os considero verdadeiro artitas. Esta conversa toda já está virando um pé no saco. O foco é continuar e ser flexível para lidar com o inesperado. Sim, sou libriano e ser flexível é crucial para se relacionar comigo e com minha arte, seja ela qual for. Tenho saudade de minhas colas coloridas, mas também não quero usar delas no momento. Elas precisam de espaço. Também cansei de prendê-las, podando seus respingos. Mas as danadas me encaram todos os dias. Ainda não pintei a calça que me prometi. Não entrei na academia, nem muito menos fui visitar São Paulo. Não fiz nem metade das coisas que esperava fazer. Mas fiz outras. O tempo vai ser preenchendo de uma forma que se não mantermos rédea curta perdemos o controle. Eu perdi o meu. Só existem mais duas semanas de férias e isso não da tempo para quase nada. Tempo, taí um assunto que vou discutir bastante neste ano de dois mil e oito. Interpretar um personagem que carrega consigo a tão falada moral da história não sei muito bem se é a minha cara, a minha praia. Mas o ator precisa se desafiar eles dizem por ai. Perdão, mas isso para mim não é desafio e sim mais um exercício. Bom, esperamos bons frutos apesar de não sermos cristãos.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
O mundo do campo em um campo minado
Calcinhas mofadas
Roupas brancas no varal
Mulheres com calor nas entranhas em razão dos pesados e longos vestidos
Governantas safadas
Criadas mal educadas
Crianças precóces
Homens de negócios
Homens de família
Homens da vida
Velhas chatas
Verdes em abundância
Charretes
Carroças
Vilarejos
Ar puro
Pura mesmice
Grandes banquetes
Bordados
Jóias, perolados
Um calor que só vendo
Tesão reprimido
O tio enrustido
O leitero
Máquina de escrever
Máquina para tear
Tecido
Fazenda
Renda
ai.
O mundo do campo em um campo minado.
***
Fim de coca = depressão pós parto.
Roupas brancas no varal
Mulheres com calor nas entranhas em razão dos pesados e longos vestidos
Governantas safadas
Criadas mal educadas
Crianças precóces
Homens de negócios
Homens de família
Homens da vida
Velhas chatas
Verdes em abundância
Charretes
Carroças
Vilarejos
Ar puro
Pura mesmice
Grandes banquetes
Bordados
Jóias, perolados
Um calor que só vendo
Tesão reprimido
O tio enrustido
O leitero
Máquina de escrever
Máquina para tear
Tecido
Fazenda
Renda
ai.
O mundo do campo em um campo minado.
***
Fim de coca = depressão pós parto.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Três Bares Fechados
Existem duas formas das coisas acontecerem e eu não me vejo, de forma alguma, obrigado a escolher uma delas. O fato é que estou, na verdade, perdido entre as duas sem saber em qual acreditar. Crença não é decisão. Sempre fui do tipo que esperou e ainda espera um grande amor, viver mais uma vez o primeiro encontro "mais bonito de todos", sentir os pés levantarem, ouvir sininhos e todos os mais variados tipos de clichês que formulam a idéia de uma grande paixão. Parece que este sentimento se instalou em meu peito e não consigo ver saida para outro modo de iniciar. Mas eu sei que elas existem. A conclusão é que preciso dar uma segunda chance para mim mesmo. Acreditar que nem todos são do tipo que apostam todas as suas fichas em um primeiro momento. Acreditar que poemas, canções e flores podem chegar a qualquer hora. Acreditar no amor e no carinho que se cria. Ser mais tolerante e perceber que nem todos precisam ser igual, quer dizer, perceber que nada será nunca igual. Tudo isso pode parecer mais um aglomerado de reclamações e idéias idiotas sobre esta temática tão recorrente. Mas não me importo. O que importa no momento é ter noção deste telefone que toca. Deste carinho que ultrapassa quilômetros e não deperdiçá-lo. Saber que do outro lado existe um coração que também quer ser amado. E se, esta Avenca que vos fala, não estiver preparada para corresponder a todo este tipo de galanteio, que seja corajosa para ser sinsera e dizer um lindo: adeus. Doloroso, mas verdadeiro.
***
Ele me ligou e, quase, me desmanchou. Quase fez de mim, mais uma vez, objeto de sua imaginação. Como eu queria que estivesse aqui. Iríamos pintar cavalos, comer brioches, azucrinar os vizinhos e dançar nosso tango. Iríamos ter cigarros comunitários, um só isqueiro e intimidades compartilhadas. Eu lhe colocaria para dormir e, se permite, essas coisas todas.
***
cinderela.
***
Ele me ligou e, quase, me desmanchou. Quase fez de mim, mais uma vez, objeto de sua imaginação. Como eu queria que estivesse aqui. Iríamos pintar cavalos, comer brioches, azucrinar os vizinhos e dançar nosso tango. Iríamos ter cigarros comunitários, um só isqueiro e intimidades compartilhadas. Eu lhe colocaria para dormir e, se permite, essas coisas todas.
***
cinderela.
Assinar:
Postagens (Atom)