Como tudo pode ser tão difícil? Como posso, mesmo tentando e muito, não identificar uma saída, uma luz no fim do túnel? Eu abro a minha escuta, trabalho o meu corpo, procuro estar presente e nada. Do que fala essa obra? Sobre o que e para quem ela comunica? Quem são seus pais e a que espaço pertence o seu passado? Os meninos produzem, eu produzo e todos pesquisam. Mas ainda não me parece suficiente. Não que eu queira cobrar mais, exigir mais. Pelo contrário, acho que chegamos ao momento de uma criação extremamente responsável e ativa. Talvez, a resposta mesmo esteja no tempo. Talvez, seja preciso esperar mais um pouco, quem sabe. Tenho medo. Fico aflito. Me cobro. Olhos para os lados e todos que vejo estão comigo. Eu sinto. Então, o que falta? Para onde vamos? Você se lembra do dia em que a gente se conheceu? Sim, eu me lembro. Me lembro e faço esforço para não esquecer nunca. Busco, de forma consciente, trabalhar para a manutenção do nosso afeto. Toda criação implica em um risco, um salto no escuro e um beijo no vazio. Essas expressões que sempre me foram tão caras, hoje me trazem extremo terror e nenhuma piedade. Crescimento? Amadurecimento? Um novo olhar? Mais uma vez, pergunto: para onde vamos? Senhoras e senhores, urbanóides melancólicos e esquinas estranhas... O que querem de mim? Como faço para estar mais perto de vocês? Pedi para todos fizessem o exercício de compor um olhar sobre a cidade. Espero que ajude o processo, espero que me traga luz, que me atravesse o corpo e a mente. Como é que se diz eu te amo? São vozes e corpos atormentados. Disso, eu já sei. É a solidão dos dias de hoje e o tal do hipermodernismo que a Su vem me explicando também está lá. Na verdade, tudo está lá. Mas onde está a obra? Filha, por favor, peço que não estranhe seu pai, que o ajude a saber o seu gosto, sua vontade e sua hora marcada. Venho adiando definições, verdades e pensamentos. Tudo isso por sua espera. Na espera dos seus desejos, na espera desesperada por saber seu nome e fome.
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