NÃO VOLTE PARA CASA AMOR
AQUI É TRISTE
quinta-feira, 29 de março de 2012
Metrô
tatuagem vintage de coração alado. no quadril. dava pra ver, pois a blusa amarela estava estranhamente agarrada na alça da mochila, exibindo o micro-espaço tomado pelo desenho. sua imagem não correspondia com a imagem da tatuagem.
quarta-feira, 28 de março de 2012
sobre cavalos
Como tudo pode ser tão difícil? Como posso, mesmo tentando e muito, não identificar uma saída, uma luz no fim do túnel? Eu abro a minha escuta, trabalho o meu corpo, procuro estar presente e nada. Do que fala essa obra? Sobre o que e para quem ela comunica? Quem são seus pais e a que espaço pertence o seu passado? Os meninos produzem, eu produzo e todos pesquisam. Mas ainda não me parece suficiente. Não que eu queira cobrar mais, exigir mais. Pelo contrário, acho que chegamos ao momento de uma criação extremamente responsável e ativa. Talvez, a resposta mesmo esteja no tempo. Talvez, seja preciso esperar mais um pouco, quem sabe. Tenho medo. Fico aflito. Me cobro. Olhos para os lados e todos que vejo estão comigo. Eu sinto. Então, o que falta? Para onde vamos? Você se lembra do dia em que a gente se conheceu? Sim, eu me lembro. Me lembro e faço esforço para não esquecer nunca. Busco, de forma consciente, trabalhar para a manutenção do nosso afeto. Toda criação implica em um risco, um salto no escuro e um beijo no vazio. Essas expressões que sempre me foram tão caras, hoje me trazem extremo terror e nenhuma piedade. Crescimento? Amadurecimento? Um novo olhar? Mais uma vez, pergunto: para onde vamos? Senhoras e senhores, urbanóides melancólicos e esquinas estranhas... O que querem de mim? Como faço para estar mais perto de vocês? Pedi para todos fizessem o exercício de compor um olhar sobre a cidade. Espero que ajude o processo, espero que me traga luz, que me atravesse o corpo e a mente. Como é que se diz eu te amo? São vozes e corpos atormentados. Disso, eu já sei. É a solidão dos dias de hoje e o tal do hipermodernismo que a Su vem me explicando também está lá. Na verdade, tudo está lá. Mas onde está a obra? Filha, por favor, peço que não estranhe seu pai, que o ajude a saber o seu gosto, sua vontade e sua hora marcada. Venho adiando definições, verdades e pensamentos. Tudo isso por sua espera. Na espera dos seus desejos, na espera desesperada por saber seu nome e fome.
terça-feira, 20 de março de 2012
Para não perder.
Barulho de porta de geladeira, cadeira sendo arrastada. Cheguei! Desce pra comer com a gente! Comer comer, sempre essa preocupação na memória. Tomei um suco, minha garganta vive seca com o frio, a calefação e o cigarro, não tem jeito.
Como é que se diz? Olhar de peixe morto. Eu ficava muito assim quando tínhamos aquário lá em casa.
As coisas do mundo vão sendo entendidas por camadas do nosso pensamento, até que finalmente a entendemos de forma tão definitiva que até parece que sempre soubemos dela.
Eu ficava assim... parada por muito tempo sem pensar em nada, só vendo aqueles vermelhos passarem, nadando de um lado para o outro, de um lado para o outro. Alguns começaram a morrer e pensei que pudesse ser por excesso de comida. Passei a dar menos ração e diminuiram os intervalos entre uma morte e outra. Peixes são sempre iguais e era difícil perceber se havia um revesamento entre as mortes ou se alguns dos antigos sobrevivia. Não pensava muito a respeito, mas em uma dessas tardes de pasmaceira percebi que um dos peixes era ou estava ficando maior que os outros. Era o único grande e o único reconhecível, e como sua cota de vermelhos era igual a dos menores, ao ter que recobrir uma forma dilatada tornara-se de um alaranjado brilhante. Talvez fosse uma fêmea, com a barriga cheia de ovos.
Olhando com atenção vi que minha peixa grávida era mais agitada, diferente do vaguear aleatório dos pequenos vermelhos, o dela era intencional. E meu olhar não conseguia mais perder-se naquela existência vermelha e tranquila, ficava presa naquela intensão.
Vi a agitação pesada daquela barriga cada vez mais brilhante e de repente o peixe laranja começou a cabecear um pequeno vermelho contra a parede do aquário, o vermelho se rompeu e vísceras esbranquisadas sujaram a água. Os pequenos vermelhos que tentavam abocanhá-las eram repelidos pelo laranja que comeu sozinho o fruto de seu ataque.
Thomás deu um berro querendo comida. O bravo rapaz socava a mesa do cadeirão e o barulho do prato espatifando-se no chão me acordou
domingo, 11 de março de 2012
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