terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fluxo livre de mim e minhas centopéias cardíacas.

ir e vir. será que tudo é assim? será que tudo tem este poder de retornar?

Você me convidou para dançar. Eu fui. Fui como muitas outras vezes em que já bailei com muitos outros rapazes. Mas, de repente, lá estava você. Um você de agora, com resquícios de outro você de outrora, mas você. De repente me vi neste novo seu que, junto de mim, começava naquele momento a formular este novo eu que, hoje, enfrento. Eu não sabia. Quase que Cinderela não vai ao baile. óh céus.

pergunto. respondo. faço jogos comigo mesmo. me testo. indago. reclamo. revejo. torço. fumo. fumo um cigarro atrás do outro. só eu sei como eu me sinto. mais ninguém. a dóris disse que é amor. pergunto. respondo. faço jogos comigo mesmo. me testo. indago. reclamo. revejo. torço. fumo. fumo um cigarro atrás do outro.

lembro. eu lembro do seu cheiro, da sua ternura, das suas carícias. isso é pavlovsky. para não deixar de fazer a referência. até ele. ele, eu e você.

eu queria poder lhe dizer todas essas coisas que, agora, eu sinto. isso sou eu, é o coelho, é caco. até ele. ele, eu e você. até nisso. nisso tudo do vejo, faço, pergunto, respondo e fumo.

as pessoas querem falar sobre. eu não. eu quero sentir sobre. o peso, os braços e mais um abraço. quero não controlar, ser ousado. quero não perder meus sapatinhos e, com isso, deixar de, mais uma vez, ir ao baile.

meu corpo sabe e sofre a pasta de dente de suas gengivas. o sabor diferente de suas bebidas. a pouca cerra de sua barba, comparada com a minha, é claro. a mesmice de suas cores. a exuberância de suas palavras. meu corpo em ti, nosso território.

quantos navios eu precisaria para me tornar quem hoje sou?
quantas pontes, viagens e arrebatamentos?
quantos filhos destes todos que já deixamos pelo mundo, pelas esquinas?
quantas indas e vindas? quantas ondas?

eu não sei fazer poesia.
e o meu riso frouxo.

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