segunda-feira, 28 de junho de 2010

Acontece

Acontece do coração ser terra de malboro.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Depois que você apagou as luzes:

depois de ouvir você falar. depois de ver a falicidade que se encerra em seus olhos. depois de constatar que você precisa passar por coisas que eu já passei. depois de ver você buscar coragem e palavras certas para tentar descrever o que agora sente. depois de dividir tantas cervejas. depois de ter a certeza que neste momento você jamais poderia ser meu. depois de sentir no meu corpo a falta que você me faz. depois de saber que entre o meu sentimento e você o espaço abriga um abismo. depois de notar que você pode e deve ir embora sempre que precisar. depois de me sentir pequeno e orgulhoso ao seu lado. depois de fazer ouvido e não mais fala. depois de me esforçar para expressar, tamanha minha atenção e gosto. depois de analisar as circunstâncias. depois de sacar os novos ares, ligações e sorrisos. depois de encarar meu medo. depois de me despir por inteiro. depois de aceitar mudanças, rever conceitos. depois de decidir remoer sozinho os meus sentimentos. depois de negar o meu desejo em razão de sua (nossa) felicidade. depois de não saber mais o que dizer. depois de ter certeza de como agir. depois de condicionar meus próximos movimentos e afetos. depois de abraçar você todos os dias. depois de subir as ávores. depois de comprar frutas. depois de andar de patins. depois de muito pensar. depois de muito ouvir músicas. depois de muito te procurar em mim. depois de tudo. depois deste novo começo de fim. depois das regras já declaradas. depois da cortina aberta. depois da verdade escancarada. depois do segredo dividido. depois do riso sem graça, no canto da boca. depois da minha voz de gralha, meu corpo de faquir e meus cabelos grisalhos. depois de não poder lhe oferecer casa, comida e roupa lavada. depois de ter a ciência da bondade que engloba minhas vontades. depois de me ver até como seu pai. depois de pensar em fotos, filmes e produzir nossas lembranças. depois de tanta, tanta dança. depois de ontem. depois daquela rua. depois daquela vila. depois do conto. depois da vírgula, ainda não é ponto. depois de pensar, muitas vezes, em ter você. depois do acontecido. depois dessa nova dor de amor. depois dos cegos do castelo. depois da casa-pré-fabricada. depois do salão. depois do chá e da festa. depois de você me dizer com simples palavras o que eu precisava ouvir. depois de assassinar meu medo. depois de desarrumar o quarto. depois de me virar do avesso. depois de saber o seu preço. depois de tudo, de tanta paixão...ainda me sobram todos os escritos que estão por vir.

pequena indagação.

E se fosse comigo, como seria?

domingo, 20 de junho de 2010

Miúda.

faz pouco tempo você nasceu. gosto de lher ver assim puequenina, ensaiando seus primeiros passos. gosto de lhe ver cheia de vida e vontade de aprender. gosto de lhe ver, sobretudo, quando ri abrindo a boca, mostrando os dentes. faz pouco tempo você nasceu, mas preciso dizer que a muito esperávamos por sua chegada. muito pensamos, discutimos, elaboramos para que você pudesse ter a chance de adentrar um lar estruturado. na verdade, você agora é o nosso lar. o que podemos chamar de CASA. o que melhor interpreta e impõe sentido ao que chamamos de trabalho. faz pouco tempo você nasceu nós já estamos pensando em seu futuro, sua identidade e vontade. estamos pensando nos seus quereres, em como mostrar sua grandiosidade. espero que você goste das coisas que, aos poucos, conhecerá. estou feliz com o seu nascimento.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Admitir que nesse momento não há tempo para o amor. E nem para as grandes paixões. quando nos apaixonamos.



Robert Polidori

abraça-(me-te) 500.3

me abraço para te encontrar. te abraço para me encontrar. em meus braços, você se encontra. em seus braços, eu me encontro. me abraço para me encontrar. te abraço para te encontrar. nos abraçamos para, juntos, acharmos uma saída, uma resposta, uma palavra, algo que re-signifique o momento de nosso encontro. nos abraçamos nus. ocupamos áreas urbanas, pontos de complexos fluxos de linhas e pessoas. nos abraçamos para estagnar o instante e o afeto. e é a repetição deste nosso "movimentoencontro" o que nos move para, mais uma vez, nos realocar. encontrar encaixes, novas possibilidades e derrubar fronteiras. sou eu mais você. o nosso corpo atravessado que se povoa da sensualidade que nos habita quando estamos juntos. me abraço para ter certeza de que em meus braços você se fará conforto. te abraço para confirmar presença humana para além de meus braços. me abraço porque não posso e não quero sozinho. te abraço em busca de caminho. nos abraçamos e cruzamos sinais, ruas, avenidas, alamedas, plataformas, viadutos, estradas, autoestradas, elevados, pontes, passarelas, trilhos, vielas, travessas, ruelas, monumentos, praças, largos, parques, campos, jardins, arcos, pórticos, portais, vilas, condomínios, bairros, esquinas, calçadas, corredores, pistas, orlas, vãos, túneis, passagens, passagens subterrâneas, aterros, pátios, estacionamentos, marginais, becos, teleféricos... atravessamos lugares e neles nos abraçamos. abraço-(me-te) para sobreviver. para dar validade as horas que passamos juntos. para lembrar do amor que sinto por ti. por isso, por esta razão é que também te abraço. abraço-(me-te) para me sentir seguro, para continuar, para ficar no entre, para me perder: te encontrar. me abraço te abraçando e te abraçando me abraço. me encontro porque te encontro. abraço-(me-te) porque asssim, e só assim, me reconheço.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Eu preciso que você esteja aqui porque:

eu preciso que você esteja aqui porque você se tornou importante. muito importante. eu preciso que você esteja aqui porque, talvez, sem a sua presença as coisas percam o sentido. eu preciso que você esteja aqui porque ao seu lado eu me sinto mais seguro. minto. eu me sinto acompanhado. eu preciso que você esteja aqui para que possamos trocar de assunto muitas vezes, como sempre fazemos. eu preciso que você esteja aqui porque preciso ouvir suas críticas. suas lamúrias e conflitos. eu preciso que você esteja aqui porque sinto uma falta filha-da-puta de você quando o vejo atravessar a rua. eu preciso disso: você. eu preciso que você esteja aqui porque nosso sorvete de limão pode derreter e suco de laranja com acerola só tem graça se for com você. eu preciso que você esteja aqui porque não sei alimentar o cão, comprar o jornal, nem limpar nossos sapatos. eu preciso que você esteja aqui porque, as vezes, eu preciso sair e tenho receio de deixar as coisas sozinhas. eu preciso disso: você. eu preciso que você esteja aqui porque eu comi demais e acho que não vou passar bem essa noite. eu preciso, e isso é sério, que você esteja aqui porque eu não aprendi ainda a mexer no telefone sem-fio novo e tem mais de 13 recados na secretária eletrônica. estou me rasgando de curiosidade. eu preciso que você esteja aqui para sanar minhas dúvidas, me explicar a lição, me amar bandido e me fazer, depois, servir seu café fresco em copo-requeijão. eu preciso que você esteja aqui porque seus livros chegaram e as estantes já estão abarrotadas. precisamos, juntos, fazer uma limpa. e é também por isso que eu preciso que você esteja aqui. eu queria parar de fumar um dia. eu preciso que você esteja aqui porque eu quero lhe dizer umas coisas que li ontem em um livro sobre elefantes e sofás. eu preciso que você esteja aqui porque não sei dividir esse tipo de coisa com mais ninguém. eu preciso que você esteja aqui para ver o meu progresso no video-game que não tem mais graça jogar contra o computador. eu preciso que você esteja aqui porque sim. eu preciso que você esteja aqui. dentro de mim.