segunda-feira, 28 de julho de 2008

Espelho.

Olhar-me no espelho e ver. Ver a face escura que por vezes tento esconder. Olhar-me no espelho e me ver belo dentro de toda minha miséria. dentro de toda a minha cafonice. dentro das minhas pernas tortas, unhas ruídas de gralha cantora. Ver-me mais firme e fiel as meus pensamentos e criações. Ter coragem para fazer brotar e nutir. Ter razão e dignidade para lhe dar as mãos e assim seguir. Tudo pode paracer fácil, mas não o é. Um eterno batalhar. Trabalhar. Quero minha análise de volta e isso é tudo. Não, isso não é tudo. Tudo ainda está por vir... Preparar.apontar.vai: vou fazer ballet.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Um café.


Divertido notar que este blog começou com sua desdepida e, hoje, comento nele, uma visita minha à você. Você que me acolhe e faz de mim morador de ti. Que me apanha e aquece dentro de suas verdades. Antes não era assim. Era eu quem costumava dar conselhos, mostrando evidências. Mas neste dia, foi você quem o fez. E eu ouvi. Precisava. E você o soube fazer tão bem, que foi realmente ali que comecei, de fato, a acreditar mais, querer mais e entender esse nosso ser eterno.Rodam em minha cabeça até agora suas palavras. A cada passo e nova ação, gerando consequências sempre. Gosto de você. Sabes disso. Gosto, pois foi o único que fez promessas e cumpriu. Disse depois da linda viagem, lindo encontro ou qualquer coisa do tipo: vamos nos ver, vamos ser amigos, adorei te conhecer. Você o fez. Hoje somos amigos e nem sei como classificar o nosso tipo. Andei lendo sobre este tipo de amor... Sobre o nosso amor não se lê. Muito menos se fala. Acho que é por isso que acertamos e vamos acertar sempre. Sabemos nos mantar em silêncio, fazendo segredo de todo e qualquer encontro. Tolos, aqueles que pensarem em imagens eróticas e coisas assim...sem pudor. Nosso amor ultrapassou esses limites e hoje nos encontramos pelo olhar. Cuidamos um do outro pelo toque e nos reabastecemos para a vida através de abraços. A vida no Rio de Janeiro, volta e meia, chora por um abraço seu...sorriso, essas coisas. Mas sempre nas coisas ruins existem boas. Essa distância nos faz forte. Donos do que sentimos e completamente representantes do que somos. Essa distância nos afirma que suportando isso suportaremos tudo. Essa distância nos afirma que somos reais e que o distanciamento nos trouxe a visão perfeita da obra. EVEAT.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Decisão.

O Júlio não decidiu
Mas eu decidi.
Meu lugar não é aqui.
Essa cidade não aceita a minha dor,
Não sabe ouvir calada,
Minha sincera mágoa,
Meu pesar,
Meu sofrerdor.
Eu preciso ter espaço
Para poder cantar
Com todas as vozes do mundo
O bem que naquele dia
Você me fez.
Saudade.

Que a sua lagoa há de secar!

Recém-chegado. Um pouco mais tranquilo, mas ainda pesado. Ver você, paulicéia desvairada, e tudo que o seu nome engloba, me traz a sensação de que as coisas podem dar certo de novo. De que o o sol nascerá no dia seguinte e os anjos dirão amém. O cinza de seus olhos continua o mesmo. Mas posso jurar que consigo ver beleza neles. Em sua pele seca, sua expressão fatigada e violenta. É que gosto do seu glamour despretencioso e irônico. Gosto de ver os meninos e as meninas subirem e descerem a Augusta assim como li no conto do Caio. Fiz a cabala para tentar colocar as coisas no eixo, recomeçar. E então, surgi o outro. Vindo não sei de onde. Dentro do meu passado ainda presente, não sei...........Veio com tamanha fúria, pegando-me de surpresa, derramando sobre a cama e meu corpo todas as suas novas intenções, inquietações. Contava as novidadas como quem descobre o mundo e seus segredos sagrados. Disse-me que agora está disposto. Que não quer mais mentir. Quer assumir e se deixar levar pelo sentimento que chama de vida. Reclamou do afastamento e tudo mais.... Era uma defesa minha, eu disse. Todos precisam se defender. Meu deus. Ele chegou e por tanto tempo desejei esse momento que agora não sei nem se o quero mais. Não sei conduzir direito suas horas, encontros e cores. Eu preciso me cuidar e pensar...é tudo muito longe, louco, novo... novo, mas conhecido. Vai entender..nem eu entendo. O mundo da voltas Clarice. Cada vez mais seus escritos ficam claros, nítidos. Me chama prum café?massagem no pé?eu faço. Cada vez mais os pingos dos is vão sendo colocados e os jacarés tem suas lagoas secas...Pois é. Faz um pouco de frio e eu queria saber cantarolar uma música de ninar. Sempre sofro com a volta, mas sei que volto mais forte. Mais crente e quente.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Classificados.

Estão em liquidação alguns agasalhos de meu armário.
São de muitas pessoas muitas das roupas que me uso.
Meus livros já foram de muitos, por isso os chamo de verdades.
Minha parede é verde-bandeira e minha mãe a taxou de insuportável.
Minha cortina compartilha comigo cetin e cara-de-puta, cor vinho: que minha vó acha pesado.
Meu computador é preto, mas minha irmã queria o branco: mais leve.
Minnha pele: clara.
Meus olhos e cabelos: castanhos.
Estatura: da média para a pequena.
Meus amigos: ótimos.
Minha família: pequena.
Meus desejos: querências possíveis.
Meus sonhos: da ordem do indizível.

***

Vende-se um coração pronto para amar.
Procura-se uma casinha para morar.
Vende-se carinho e afeto.
Procura-se receber o mesmo.
Vende-se beijos e loucuras.
Procura-se doce e travessuras.
Vende-se compania.
Procura-se caminhar de mãos dadas.
Vende-se amarelo manga.
Procura-se vermelho tão tão.
Vende-se uma avenca partindo
Procura-se quem, junto comigo, possa estar indo.

***

algumas páginas de meus classificados mais que variados.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pré.


Eu vou..eu vou praí. Vou porque, talvez, lhe vendo eu me renove e consiga mudar. Aí! como é bom saber que vou poder conversar com você. Mesmo sabendo que vai ser bem rapidinho, só o fato de saber, quase, muda tudo. Mande avisar as outras plantas que dessa avenca aqui também sentem saudade. Eu sei que há. Eu vou... vou para voltar. Melhor, mais bonito. Sabes que até cortei os cabelos para poder lhe encarar melhor? Sentir seu frio em minhas entranhas e poder, de fato, ser seu e meu mais uma vez. Temos pouco tempo e, por isso as coisas precisam ser feitas de forma rápida, mas não menos intensas, tensas. Eu vou... vou para aprender a voltar.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Palhaço de um circo sem futuro.


Eu sei que todo carnaval tem seu fim. Mas é desse que sinto mais saudades.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

É minha.

"...É meu troféu, é o que restou, É o que me aquece sem me dar calor Se eu não tenho o meu amor, Eu tenho a minha dor..."

em razão da falta de coragem. da falta de impulso e enorme vontade. de dizer que em mim, me dói. e que ficaria enormemente feliz em saber que também dói em você. não é vingança nem muito menos mau sentimento. é só saudade.

domingo, 6 de julho de 2008

Teimosia ou bicho-de-pé.

é fome.
há de comer,
mas não come.

e isso eu não sei o que é.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Ética do desaparecimento.

Faz pouco você se foi sem eu lhe permitir partir. A cada dia que passa, dói mais a saudade que sinto de você. Isso tudo pode parecer um pouco paradoxal, pois sempre dizem que o tempo é o melhor remédio para este tipo de coisa. Não sei. Mas acho que nessas horas a gente desacredita de tudo e fica difícil se apegar a qualquer tipo de crença. Eu entendo. Já disse que sim. Mas mesmo assim ainda me resta a maldita pulga atrás da orelha. Avencas não deveriam ter orelhas. Só assim ficariam livres desta maldita que insiste em vir sempre nas horas erradas. As inqueitações agora pouco tem a ver com você e a sua conduta. Pelo contrário. Após esta breve digestão, amplio o processo que inciei de auto-questionamento a partir daquele instante. Não. Já disse também que não me arrependo das minhas atitudes e nem sou desses que aprecia chorar as pitangas derramadas. O que me envolve é o ato de remoer até o fim essa angústia que me toma feito um furacão. Troco o bom humor pela ironia como quem troca de roupa após o ensaio. Assim, rapidinho sem pensar. Sabe? Não sabe. Talvez este seja um erro meu. Talvez não. Bom, essa resposta sim o tempo poderá dar e por ela eu não anseio. Meus seios? Sim. Eu sei. Estão crescendo a olhos vistos e já não sei mais o que fazer com eles que, de tão grande, não foram capazes de fixar-se em seu corpo. Talvez o peso deles. Pois é. Ainda tem isso. Geralmente, pois hoje em dia não se pode generalizar mais nada, tudo que é grande pesa também. Como todos podem ver, aos poucos, as linhas das dificuldades vão se traçando com facilidade e clareza. No momento, pouco me importo com elas. Pois também era enorme o número de facilidades e isso também não foi capaz de mudar o fim da história. Se é que ela já tem um fim. Bom, o meu desejo é claro. Ele consiste na torcida para que este momento de confusão e conflito seja, de alguma forma, passageiro e que outro final possa ser construido pelos narradores da fábula. Um final que, na verdade, desenrole um começo que, por sua vez, dê espaço a um meio e também a um fim. Sim um fim. Tudo na vida acaba, menos o amor. Este não. Este fica. Sofre mudanças mais fica. E ainda digo mais, a todos que já amaram, não tentem fugir de seus fantasmas, pois eles lhe assombrarão até o estado terminal de suas vidas. O que precisa ser feito é transformar esses seres em amiguinhos camaradas, assim como o gasparzinho, e olhar para eles como quem olha para o que um dia lhe fez completamente feliz e satisfeito. De boca cheia. Eu sei. Não é fácil, mas também não é impossível. Eu fui capaz e ainda continuo sendo. É tudo uma questão de prática, pode acreditar. E como esse é um exercício silencioso e interno, ele pode durar séculos sem atrapalhar o andamento da vida de ninguém, além da sua. Ou da minha. Não sei mais se escrevo para mim mesmo ou para outra pessoa. É horrível quando se perde o fio da meada. A narrativa vai ficando longa demais para pouco assunto. Mas afinal, o que é assunto? Hoje eu vou me permitir falar. Faz tempo que não escrevo assim e, confesso, andava precisando. Acho que disse isso aqui, outro dia mesmo. De fato, o que me dói não é o passado e sim o medo de ter de abandonar todo um futuro que, em mente, já havia planejado, sonhado. Antecipado? Pode ser que sim, mas é preciso aceitar como as coisas funcionam dentro de mim. Saiba, avencas praticam poucas atividades e estão sempre em busca de mais um raio de sol para se deitar, dedicar, pensar na melhor forma de recebê-lo e tudo mais. Como diria o paulistano: são essas coisas todas que tornam tudo maravilhoso e, ao mesmo tempo, cafona. É esta saudade do futuro que me trava o coração, impulsionando meus sentidos. Perdão. Mas mesmo não declarados eles querem mais. É a força do vício ocasionada pelo bem feito. Digo bem feito, do feito com qualidade e não bem feito de bem feito. Ai, ficou complicado?...As paredes não esperam ser pintadas para depois se sujarem, a grama não espera as crianças para depois crescer, os carros não esperam as ruas para depois passar assim como o desejo não espera o corpo e a forma para poder existir. Eu sei que disse não esperar. Mas não posso mentir para mim mesmo e, no momento, é só isso que faço. Meu Deus... minhas lamentações parecem até de uma Luisiana mal amada em busca de seu saxofene. Eu não estou a procura de nada. Na verdade, bastante coisa que queria já encontrei. Acontece que neste pique - esconde eu precisei trocar de esconderijo.