terça-feira, 6 de setembro de 2011

Terça-feira de feriado.

O bom mesmo é ter alguém deitado, na cama, ao seu lado. O bom mesmo é esse mesmo alguém gostar do seu corpo, das suas curvas e espasmos. O bom mesmo é levantar no meio da noite, trabalhar um poquinho, e ter a certeza de que esse mesmo alguém lhe espera no lugar onde o deixou. O bom mesmo é dançar os olhos pela estante do quarto, selecionar um livro dos prediletos e ler, versos para esse alguém. O bom mesmo é cortar as unhas dele, ir a padaria e preparar o lanche. O bom mesmo é ter doce de leite, coca-cola e cigarro. Tudo, tudo ao alcance das mãos para que não seja preciso levantar, desgrudar a pele. O bom mesmo é luz baixa, cobertor quentinho, filme na tv e revista de palavra cruzada. Para fazer junto, é claro. O bom mesmo é dividir angústias, fofocar, escolher roupa, cantar baixinho. O bom mesmo é namorar com os pés, disputar lençol e atenção com o noticiário. O bom mesmo é tornar público, sair para a rua com o rosto em forma de denúncia: amou. O bom mesmo é não ter medo da cor, do cheiro e da fome. O bom mesmo é saber que as horas passam, mas não tarda muito ele chega. O bom mesmo é ter bicho de estimação, planejar o nome dos filhos, dos amigos e a casa nova. O bom mesmo é tomar café e poder ter o luxo de jantar em casa, todos os dias. O bom mesmo é picolé de maracujá, pós-praia de domingo ao lado, atender o entregador de pijama e desejar bom dia as 19:00 horas. O bom mesmo é ter um espacinho, reunir os amigos, jogar conversa fora, bebericar coisas coloridas e bonitas, beliscar pequenos e gordurosos e não lavar a louça porque a Vilma vem amanhã. O bom mesmo é retornar para aquele mesmo livro, do ponto onde se parou, e continuar a viagem ao lado, fazer comentários, sublinhar, repetir frases, escrever no espelho aquilo que leu e que, no momento, achou a coisa mais bonita do mundo. O bom mesmo é andar pelado, acordar e dormir pelado. O bom mesmo é beijo de boa tarde, ligação inesperada, passar para buscar na saida da universidade. O bom mesmo é poder conversar sobre trabalho em casa, dividir o processo, o medo e a vontade. O bom mesmo é planejar viagem, reservar felicidades e alegrias, mesmo que clandestinas. O bom mesmo é pintar as parades quando der vontade, latir e terminar de brigar rindo. O bom mesmo era que tudo isso fosse verdade. Eu sinto saudade assim, inventando.

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