segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Os meus amores
Os meus atores são armas que escolhi para vencer a guerra. Os meus atores são as mãos que acolhem o rosto da minha mais pura dor. Os meus atores são música, movimento, grito e tormento. São os meus atores reflexo da minha imagem. Os meus atores são as vozes, os gemidos e pedidos do meu armário de vestidos. São os meus atores a fonte viva da minha angústia e prazer. Os meus atores são meus filhos, meus primos, meus pais, minha família escolhida, meu feto já desenvolvido, crescido. Os meus atores são o suor que dão certeza ao chão onde pisamos. São os meus atores o cimento, a tinta, o cansaço... São os meus atores tudo aquilo que vem depois da vontade. Os meus atores são o que virá depois, o que está no entre: como quando conseguimos dar conta do tamanho do mundo. São os meus atores meus maridos, minhas mulheres, meu casamento mais afetado. Os meus atores são presas, árvores, pássaros, são as pétalas de rosa mais fedorentas e valorosas do mercado. São os meus atores a chama que não se apaga, o clichê que é proclamado, vivido e bem-querido. Os meus atores são parte do vento. Os meus atores são a boca ou as bocas que engolem o vômito, que insistem em ter certeza, que buscam a precisão. São os meus atores os que mais sabem, os que mais inventam, os que mais lamentam e discutem. Os meus atores são o maior congresso de opiniões onde a palavra conclusão chega sempre atrasada. São os meus atores uns bobos e, por isso, belos, divertidos e destemidos. Os meus atores são crianças de salto alto, paletó, brincando de médico com a concha do feijão na mão. Deixa a gente ouvir seu coração. São os meus atores os palhaços, os comediantes da praça, os trovadores, os vendidos, os melodramáticos, os realistas, os naturalistas e os exagerados. Os meus atores são prática e teoria, união da mesa com a cena. São os meus atores a cara do meu processo, as luvas da luta, o sorvete gelado que dá dor no dente da frente. São os meus atores um pedido de atenção e carinho. Os meus atores são texto ao pé dou ouvido, a encarnação de Zeus e a apropriação do polvo e seus tentátuculos, todos. São os meus atores o que são. Os meus atores são escolhas nossas. Tenho certeza do que digo. Como quando não suspeito de quem caminha comigo.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Eco.
eu não sei mais como pode ser.
não sei mais como será.
só sei que em pouco tempo.
será preciso dizer.
não sei mais como será.
só sei que em pouco tempo.
será preciso dizer.
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