segunda-feira, 29 de junho de 2009

Das narrativas do meu corpo.

talvez todo o problema seja mesmo o corpo. não ele, coitado. mas o que fizeram dele. todos vocês. vocês que me tocaram, beijaram, amaram e foram embora. vocês que, as vezes, voltam sem fazer aviso ou até mesmo vocês que esqueceram, por completo, que, um dia, por aqui passearam. o problema deve ser mesmo o meu corpo e nele as marcas que vocês deixaram. como pode, santo deus, meu corpo se alembrar de como, onde e por que nos amamos?o meu corpo não falha. tudo passa, mas permanece nele a memória do movimento. como se ao longo de todos os minutos, camas, colchões e retalhos que já vivemos, o meu corpo e eu, ele fosse armazenando detalhes para, posteriormente, transformá-los em partituras. o meu corpo é repertório. de todos os nomes que já tive. de todas as maneiras que já se arriscou a pular mais alto. o meu corpo está sempre vestido para matar e ele fala por mim. é como se, por alguns momentos, todo e qualquer tipo de resposta escolhesse se manifestar na forma física. as palavras me faltam, a boca trava ele responde. na resposta, me desvenda, me tira a máscara que costumo usar. revela. mostra-me nu, assim como só eu me vejo diante do espelho. não puro, mas limpo. eu queria poder descrever todos esses momentos, mas eles precisariam ser filmados. o meu corpo não fala por caracteres. ele é movimento. e assim como o dela, o meu corpo também é obra. e só de saber que ele vai entrar em contato com o corpo de todos vocês. ele está inseguro. não pelos toques que possa vir a receber. a insegurança brota em não saber como se movimentar, como completar com ele as lacunas que sobram no de vocês. está com vergonha. aprende corpo a se defender, marcar território. mostra sua pátria e não seu presidente. o meu corpo me dói e isto é culpa de vocês. cada pedaço dele carrega uma história. o meu corpo é feito de lembranças. e por mais que eu me dedique a difícil tarefa de deslembrar. ele insiste em passar como em um filme: imagens. créditos sem fim. que roteiro é esse que fala por mim?vocês não me disseram que estavam gravando. quero controlar a edição.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

Das reclamações com o frio

Vai, mas volta. Preu ver se de volta a gente começa a cantar. Vai, mas volta. Conta até cinco com os dedos. me abraça forte. diz que...


são os espaços, as lacunas, o que ainda não foi tomado como casa, moradia...

é o corpo como alimento, vida.
como regra, aprisionamento.