quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Hoje você ligou.

A cada ligação sua, meu coração pula e eu acredito na felicidade, no amor e na amizade. Mais uma vez.

Da ordem de segurança ou da liberdade

Ando preferindo as multidões. Os centros dos centros, as ruas cheias de construções e pessoas que jamais caberiam em um bolsão. Ando preferindo grandes avenidas, ruas largas, passarelas ernormes... Tudo assim: esticado. Ando preferindo estar acompanhad0. Do lado dessa gente que não sei o nome, nem o que pensa e, muito menos, o que veste por debaixo das vestes. é que esse povo me inquieta, me traz devaneios, me leva para outro lugar. Quantas vezes, meu deus, quantas vezes não fiz o camiho e destino das pessoas com quem contraceno em plena cena aberta, na luz do dia. Quantas vezes nãs as casei, nãs as dei belos pares de chifres e inventei histórias de amor. Gosto disso. De me destrair assim. Brincar de escrever um pouco sobre o que não é meu e estou longe de conhecer. De por pouco tempo fazer parte de uma história que nem o protagonista sabe que ela está sendo contada. Mas não é por isso que venho gostando das multidões. Essas ações que disse, são trabalhos realizados pelo meu insconsciente (que depois se torna consciente) para que eu não me entristeça, não me aborreça no caminho de casa e nem deixe de andar por ai.

Venho, gostando delas, pelo fato de meio daquela gente toda me sentir apenas mais um e, mesmo assim, mais seguro. Ando com mais força, me sinto mais presente e dono de meu próprio caminho. Mesmo sabendo que possam existir,pelas ruas que passo, pessoas como eu que já me transportaram para suas histórias, para seus achismos sem eu notar. Gosto da segurança que o povo me traz. De me sentir acolhido. É um sentimento estranho... Eu sei. Mas é que tomei verdadeiro horros a ruas escuras, lugares pouco movimentados e com poucas pessoas e vozes. Estou até evitando grandes árvores teimando em fazer bosques ou parques. Tudo isso, no meu mundo, é reflexo de uma série de ocorridos. Do sintoma de medo urbado que desenvolvi e que vejo que jamais me deixará em paz. Ou melhor, vejo que jamais eu me permitirei ter paz. Não se pode mais ser tranquilo. É preciso aceitar este fato, meu camarada. Digo camara, mas odeio essa palavra. Na verdade, ela não passa de uma tentativa de se fazer mais íntimo, de ter um diálogo mais próximo com o receptor. Ora essa, receptor? Pois é.

Estamos vivendo o auge da liberdade e, de fato, assumo que não me sinto livre para porra nenhuma. Tudo que faço, considero como uma ousadia. Mas é preciso ser ousado ou então se deixa de viver. Não é de hoje que aprendi isso. Quando eu tinha dez anos tive uma crise de gastrite íncrivel quando os meus pais se separaram. Então eu fui pro hospital e essas coisas todas. O médico disse que eu deveria ter uma dieta séria e que as pessoas deveriam controlar minha alimentção. Evitar: ácidos em geral, gorduras em geral, corantes em geral, picantes em geral, refrigerantes em geral,... Meu camarada, (isso sou eu tentando me aproximar do médico) eu vou poder comer o que? Ele fingiu responder pois tudo que disse não se resume nem a um pequeno prato saboroso. Desde então, tornei-me audacioso e decidi viver. Como de tudo e de tudo um muito. Mas eu não tinha a menor intenção de falar sobre isso nem dividir este fato da minha vida.

O que me motiva a escrever no momento é a inveja. Tenho inveja de alguns conhecidos que tenho que conhecem de verdade a cidade onde moro. Que podem, com toda certeza, serem chamados de cariocas. Conhecem cada lugarzinho, as ruas a noite, o aterro de madrugada, o centro as escuras, os becos, as praias no nascer do sol, a praça quinze e etc. Por essas bandas, na verdade, todas eu só ando se a qualquer momento eu puder tomar um táxi ou então tenha certeza de que os ônibus por alí passarão. Sim. Tornei-me um neurótico. Um preocupado com segurança. Um preservador de valores e da integridade física e moral. Pensei por um momento que alguns fatos que ocorreram comigo poderiam ser facilmente apagados de minha memória. Tremenda mintira. Sei cada coisa me perdi, sei cada pedaço que me tomaram, sei como me senti frágil e indefeso, sei como tentei gritar e dizer: injustiça, sei como dobrei meu pescoço que, as vezes, ainda dói, posso lembrar com detalhes o encostar de minhas costas sendo imprenssadas no azulejo frio de um boteco no centro e mais um monte de outras sensações...

É impossível separar a memória emotiva da sensorial. O sentimento leva ao movimento que leva a ação que leva a sensação e por ai vai... Meu Deus, as coisas se relacionam todas e as pessoas aindam preocupadas com que dia é hoje. É tempo de fazer, minha gente. É tempo de mudar, de querer espaço de LUTAR por... Não sei o que fizeram de mim e venho a cada dia tentando viver melhor comigo. Me abraçando, entendendo minhas preocupações e acima de tudo: me respeitando. Venho tentando lidar com tudo isso que parace ser maior do que é na verdade. Venho tentando estabelecer uma linha entre o se conformar e viver. Ou viver e se conformar. Ou se conformar para viver. Ou viver para se conformar...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Frida


mudou minha vida.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Exercício para Ator II

Desde que você foi embora as coisas ficaram um pouco mais difíceis. Passei a comer mais, beber mais, usar mais e, o pior de tudo, pensar e sentir mais e intensamente. Foi aí que me trouxeram para cá. O lugar não é bonito, mas também não pode ser chamado de feio. Com o tempo, todo mundo se acostuma e os dias até podem ser divertidos. Me acostumei a ouvir os acontecimentos. Desde que você partiu, passo os dias em frente a janela, esperando o seu retorno. Este fato me dotou de uma incrível capacidade de imaginar o que ouço ocorrer atrás de minhas costas suadas. A janela o lugar mais quente desta casa. A voz das pessoas pouco condizem com seus corpos e isso eu só pude compreender com a janela. Estando nela. Criei um mundo meu onde todos choram e reclamam sua partida. Volta e meia, os gritos se intensificam, os passos ficam mais rápidos, os moradores agitados e minhas constas mais tensas. Tudo isso, no meu mundo, é reflexo do seu ir embora. Lembro-me o quanto você gostava quando eu me vestia de vermelho e íamos a praia. Não sou louco. Já disse. Mas eles insistem em me manter aqui. De tudo, o que mais detesto é a chegada de um novo hóspede. Depois de dois ou três meses na casa, o interno me nota. E nota também o meu vício janelar. Convida-me então para andar, passear, sair... Tentativas fracassadas. Com o tempo, entende que no meu mundo esses convitem soam como a voz do inimigo que não acredita que, um dia, você possa voltar. Depois, o novato, compreende que o que ainda me mantém vivo é este eterno esperar. O corpo ereto, as mãos calejadas de tanto apertar a tranca da janela sempre que vê alguém passar por ela. Um desses alguéns, um dia, pode ser você. Por isso, todas as manhãs, eu me arrumo, ponho vermelho e, no meu mundo, vamos a praia. Saio as vinte e horas para a janta, o banho, os remédios e, por fim, a recolhida. Quando eu morrer, quero ser enterrado com o túmulo aberto para que se, por acaso, um dia você passar por mim, saiba que eu lhe esperei até o fim.